O Brasil assumiu o papel de protagonista entre as startups de base científica na América Latina. Segundo o relatório Deep Tech Radar América Latina 2025 — elaborado pela Emerge, em parceria com o Cubo Itaú e a CAS – American Chemical Society (ACS), e divulgado pela Agência FAPESP — 72,3% das deep techs da região, o equivalente a 952 das 1.316 mapeadas, estão no país. Esse avanço mostra que o conhecimento científico brasileiro está se transformando, cada vez mais, em soluções práticas e de impacto real.
Inovação que nasce da ciência
Essas startups de base científica atuam em áreas estratégicas como saúde, energia e indústria. Além disso, desenvolvem tecnologias que vão desde terapias avançadas até novos materiais sustentáveis. No entanto, o relatório revela uma disparidade: embora o Brasil lidere em número de empresas, ocupa apenas o terceiro lugar em investimento privado, atrás de Chile e Argentina. Isso indica que, enquanto a criatividade e a pesquisa florescem, o capital ainda precisa acompanhar esse ritmo de inovação.
O ecossistema que impulsiona novas ideias
Nesse cenário, instituições como o Cubo Itaú, o Porto Digital e a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) têm papel essencial no fortalecimento das startups de base científica. Por meio de editais e programas de aceleração, elas criam pontes entre universidades e investidores, favorecendo o crescimento dessas empresas que nascem do conhecimento acadêmico. Consequentemente, a ciência deixa o laboratório e alcança a sociedade, gerando empregos, novas tecnologias e soluções sustentáveis. Como explica Daniel Pimentel, cofundador da Emerge, em entrevista à Agência FAPESP, o desafio está em “transformar o potencial científico em valor de mercado sem perder o propósito social”.
Startups de base científica tem parcerias que moldam o futuro
Além dos avanços internos, o estudo aponta que as startups de base científica vêm fortalecendo a cooperação regional. Enquanto o Chile se destaca pela atração de capital, o Brasil lidera em diversidade tecnológica. Assim, a troca entre países latino-americanos tem ampliado a visibilidade global da região. Casos como o da chilena NotCo e o da brasileira Biotec Amazônia demonstram que a ciência aplicada pode se tornar um motor econômico e ambiental ao mesmo tempo.
De acordo com projeções do BID Labs, o investimento em startups de base científica pode crescer até vinte vezes na próxima década. Portanto, o Brasil, que já é o maior celeiro de talentos científicos da região, tem condições de liderar esse salto. Para isso, será necessário fortalecer a cultura de investimento privado e a colaboração entre academia e empresas. Assim, o país pode transformar seu vasto conhecimento científico em prosperidade compartilhada e inovação sustentável.