O lançamento espacial no Brasil previsto para esta sexta-feira (19/12) inaugura um capítulo inédito da ciência nacional. Nesse contexto, pela primeira vez, ocorre em caráter comercial, partindo do território brasileiro rumo à órbita da Terra. Para isso, a operação sai do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, com o voo do HANBIT-Nano, desenvolvido pela startup sul-coreana Innospace. Assim, esse lançamento orbital no Brasil simboliza uma virada histórica após décadas de expectativa, desafios técnicos e entraves institucionais que mantiveram a base afastada do protagonismo internacional.
Como o lançamento espacial no Brasil ganha forma em Alcântara
O foguete HANBIT-Nano tem 21,9 metros de altura, pesa cerca de 20 toneladas e pode alcançar até 30 mil km/h. Dessa forma, em poucos minutos, a decolagem espacial no Brasil permite que o veículo atinja o espaço e complete a missão em até sete minutos. Além disso, a bordo seguem cinco satélites e três dispositivos científicos destinados a pesquisas desenvolvidas por instituições do Brasil e da Índia. Após dois adiamentos, o lançamento foi confirmado depois da substituição de componentes do sistema de refrigeração, identificados durante a inspeção final.
Para além da engenharia, o lançamento de foguete no Brasil exige coordenação precisa em solo. Ao todo, 27 profissionais monitoram sistemas distintos do veículo, desde a estrutura até a propulsão. Somente então, o aval final para o lançamento ocorre, quando todas as equipes confirmam que os parâmetros estão dentro do esperado. Nesse arranjo, a missão, batizada de Spaceward, é conduzida pela Força Aérea Brasileira em parceria com a Agência Espacial Brasileira.
Do ponto de vista geográfico, a base maranhense, localizada próxima à Linha do Equador, oferece vantagens técnicas importantes, a posição permite menor consumo de combustível e amplia as opções de inclinação orbital. Além do mais, a região conta com baixa densidade de tráfego aéreo e acesso direto ao oceano, fatores que reduzem riscos operacionais. Como resultado, essas condições ajudam a explicar o interesse crescente de empresas estrangeiras em realizar lançamentos de foguetes no Brasil a partir de Alcântara.
Reação institucional e acordos internacionais
No campo institucional, a abertura de Alcântara ao mercado comercial só foi possível após o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, assinado entre Brasil e Estados Unidos em 2019. Segundo o presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Chamon, o acordo simplificou autorizações que antes exigiam tratativas caso a caso para cada lançamento espacial no Brasil. Atualmente, no modelo adotado, a Innospace firmou contrato de prestação de serviços com o governo brasileiro, sem previsão de ganho financeiro direto para o Estado.
Diante desse cenário, o lançamento espacial no Brasil sinaliza uma retomada consistente do Programa Espacial Brasileiro. Ao combinar, de forma integrada, localização estratégica, parcerias internacionais e coordenação técnica nacional, Alcântara volta a ocupar um espaço relevante no cenário orbital. Com isso, esse novo ciclo abre caminho para futuras decolagens espaciais e para uma presença mais ativa do país na economia global do espaço.
