Durante o Italian Tech Week, realizado no início deste mês, a Amazon apresentou uma visão ousada para o futuro da tecnologia. Nos próximos 20 anos, a empresa prevê a criação de estruturas para a implantação data centers no espaço, movidos por energia solar contínua e livres das limitações terrestres. A proposta, divulgada pela Reuters, busca reduzir impactos ambientais e construir uma infraestrutura digital mais eficiente e limpa.
Segundo a Amazon, operar fora da Terra trará benefícios inéditos. Em órbita, há sol constante, temperaturas controladas e ausência de clima extremo, o que garante a estabilidade energética ideia para os data centers no espaço. Essas condições, somadas ao avanço da inteligência artificial (IA) e ao consumo crescente de energia, tornam o modelo espacial promissor.
“Clusters de IA funcionarão melhor no espaço, porque lá temos sol 24 horas, sem nuvens, sem chuva e sem clima”, afirmou Jeff Bezos à Reuters.
Participe do nosso canal no WhatsAppData centers no espaço impulsiona inovação além da órbita
Atualmente, empresas privadas já se mobilizam para transformar o conceito em realidade. A Axiom Space, em parceria com a Red Hat, lançou em agosto de 2025 o AxDCU-1, primeiro protótipo de data center enviado à Estação Espacial Internacional (ISS), conforme o portal Data Center Knowledge. O experimento marca um passo inicial para testar o funcionamento de data centers no espaço em ambiente real de microgravidade.
Além disso, a Lonestar Data Holdings prepara o envio do servidor lunar Freedom, de acordo com a Reuters. A missão, apoiada pela SpaceX e pela Intuitive Machines, pretende armazenar dados na superfície da Lua, aproveitando o frio natural e a energia solar, um passo importante na validação da operação de um data center no espaço. Já a Starcloud, citada pelo The Information, planeja lançar satélites com GPUs de alto desempenho e painéis solares de até 4 km por 4 km, o que ampliará a capacidade de processamento em aplicações de IA e reduzirá a dependência de estruturas terrestres.
Computação orbital enfrenta desafios e promete ganhos ambientais
Apesar do entusiasmo, os data centers no espaço ainda enfrentam barreiras consideráveis. O custo de lançamento continua alto, e a manutenção em órbita requer novas tecnologias. Além disso, a radiação espacial e a latência de comunicação limitam operações que exigem resposta imediata, como streaming e finanças em tempo real, segundo a Grist e a Tom’s Hardware.
Por outro lado, as vantagens ambientais são expressivas. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), os data centers respondem por cerca de 2% das emissões globais de carbono. Assim, migrar parte dessa infraestrutura para o espaço reduziria o consumo de eletricidade e água doce, dois recursos cada vez mais escassos. Dessa forma, os data centers no espaço podem se tornar um passo importante para uma infraestrutura digital sustentável.
O futuro da infraestrutura espacial de dados
Com o avanço das missões da Axiom, Lonestar e Starcloud, o setor de tecnologia espacial ganha impulso. Para a Amazon, o espaço representa a próxima fronteira da inovação — um ambiente de energia abundante e operação autônoma.
Se as previsões se confirmarem, os data centers no espaço poderão equilibrar a eficiência e sustentabilidade, abrindo caminho para uma nova economia orbital. Assim, a revolução digital poderá literalmente sair da Terra e alcançar as estrelas, consolidando um novo capítulo da história tecnológica.
O investimento nos data centers no espaço é uma ideia ousada e muito sustentável. Esses centros de dados espaciais representam um novo paradigma da infraestrutura digital global.