Um possível acordo comercial Brasil-EUA voltou ao centro das atenções na segunda-feira (27/10), após o encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, durante a cúpula da ASEAN, em Kuala Lumpur. Lula declarou estar confiante de que as negociações avancem e que uma solução para as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos pode surgir em breve. Ele descreveu o diálogo com Trump como “positivo e construtivo”, destacando a disposição de ambos em buscar equilíbrio nas relações comerciais.
As tarifas foram impostas em julho deste ano e afetam cerca de 35,9% das exportações brasileiras, segundo a Reuters. O aumento das alíquotas elevou os custos de produtos como aço, soja, celulose e manufaturados.
Desse modo, contribui para reduzir a competitividade das empresas brasileiras. Diante disso, durante a reunião, Lula apresentou um documento técnico à Casa Branca, alegando que a decisão norte-americana se baseou em “informações equivocadas” e pediu a revisão imediata das medidas.
Canal de negociação pode viabilizar acordo comercial Brasil-EUA
De acordo com o chanceler Mauro Vieira, o encontro entre Lula e Trump abriu um canal de negociação técnica para discutir a retirada das tarifas. Vieira classificou o diálogo como “muito produtivo” e afirmou que as duas nações demonstraram vontade de restabelecer previsibilidade e confiança nas relações bilaterais.
Veja o que o chanceler falou:
Fontes diplomáticas ouvidas pela AP e pela France 24 confirmam que Trump recebeu bem as propostas brasileiras, mas evitou compromissos formais. Ainda assim, o governo brasileiro avalia que o clima político favorece o avanço de um acordo comercial Brasil-EUA, que pode abrir espaço para uma nova etapa de cooperação econômica.
Parceria comercial e novas perspectivas
Um acordo comercial Brasil-EUA pode ir além da simples revisão tarifária. Ele representa uma chance concreta de reaproximação diplomática e reorganização das cadeias produtivas entre os dois países. Analistas de comércio exterior ouvidos por agências internacionais avaliam que o avanço das negociações pode restaurar parte do fluxo exportador e reduzir perdas provocadas pelas tarifas de 50% impostas desde julho (07/25).
O agronegócio brasileiro seria o principal beneficiado, com potencial aumento de vendas de carne, soja, frutas e café para o mercado norte-americano. A indústria manufatureira também tende a ganhar espaço, especialmente em segmentos como aço, autopeças e produtos químicos, hoje impactados pelos custos adicionais de exportação. Já o setor de serviços, sobretudo tecnologia e finanças, poderia atrair novos investimentos e parcerias voltados à inovação e digitalização.
Para investidores, um acordo comercial Brasil-EUA traria maior previsibilidade regulatória e cambial, reduzindo riscos de volatilidade e incentivando a entrada de capital estrangeiro. Economistas, porém, destacam que a abertura comercial exigirá ganhos de produtividade e adaptação das pequenas e médias empresas diante da concorrência internacional.
Lula defendeu que a parceria comercial Brasil-EUA deve se basear em estabilidade institucional e transparência. Se as tratativas avançarem, o país poderá fortalecer sua posição em cadeias globais de valor e iniciar uma nova fase de crescimento sustentável, com integração econômica mais profunda e atração de investimentos estratégicos.
