Fiocruz homenageia Milton Nascimento ao reconhecer uma trajetória que atravessa gerações e dialoga diretamente com o cuidado coletivo. A Fundação Oswaldo Cruz concedeu, nesta terça-feira (16), o título de Doutor Honoris Causa ao cantor e compositor mineiro, em cerimônia realizada na unidade da Fiocruz Minas, em Belo Horizonte. A escolha simboliza mais do que uma distinção acadêmica: aponta a arte como linguagem capaz de promover consciência social, pertencimento e dignidade humana.
Ao longo de mais de seis décadas, a obra de Milton Nascimento construiu pontes entre música, identidade e direitos sociais. Por isso, a decisão do Conselho Deliberativo da Fiocruz foi aprovada por unanimidade. Segundo o presidente da instituição, Mario Moreira, Bituca transformou sua voz em instrumento de educação social e defesa da democracia, valores que dialogam com a missão histórica da fundação ligada à saúde pública.
Quando a música dialoga com a saúde coletiva
Além disso, o local em que a Fiocruz homenageia Milton Nascimento carrega forte simbolismo. Belo Horizonte foi o território onde Milton consolidou sua linguagem musical ao lado do Clube da Esquina, projetando Minas Gerais para o mundo. Mesmo representado na cerimônia pelo maestro Wilson Lopes, o artista esteve presente de forma afetiva e simbólica, reforçando o vínculo entre sua história e a cidade.
“Desde o início de sua carreira, Milton Nascimento utilizou seu canto e sua musicalidade como instrumentos de conscientização, transformação social e defesa da democracia. Para a Fiocruz, é uma honra conceder esse título em Minas Gerais, território tão ligado à trajetória do artista.”
Mario Moreira, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Aos 83 anos, Milton enfrenta desafios de saúde divulgados em 2025. Ainda assim, sua produção recente comprova vitalidade criativa. Em 2024, lançou o álbum Milton + Esperanza, ao lado da musicista Esperanza Spalding, reafirmando sua capacidade de diálogo com novas gerações e sonoridades.
Fiocruz homenageia a trajetória de Milton Nascimento que inspira direitos e identidades
Durante o período da ditadura militar, suas canções driblaram a censura ao tratar de injustiças, juventude e esperança. Obras como Coração de Estudante, Maria, Maria e Missa dos Quilombos tornaram-se trilhas de lutas sociais, enquanto projetos com povos indígenas ampliaram o alcance político e espiritual de sua arte.
Assim, Fiocruz homenageia Milton Nascimento ao reconhecer que cultura também é cuidado. A música de Bituca atravessa fronteiras acadêmicas e sociais, conectando ciência, arte e humanidade em um mesmo propósito coletivo.
Ao conceder essa honraria, a Fiocruz sinaliza que saúde pública também se constrói com memória, sensibilidade e expressão cultural. Em tempos de desafios sociais, reconhecer artistas como Milton Nascimento reforça a ideia de que o bem-estar de um país nasce do encontro entre conhecimento, escuta e criação compartilhada.
