Belém no Pará, sede da COP30, é mais do que o ponto de encontro de líderes mundiais. É uma cidade onde o passado conversa com o futuro e onde as lições ancestrais se tornam guias para novos caminhos. Fundada oficialmente em 1616, a capital paraense foi, por milhares de anos, o território sagrado dos Tupinambás — guardiões de saberes que ensinaram ao mundo a viver em harmonia com a floresta. Segundo a Agência Brasil, o historiador Michel Pinho lembra que essa região da Amazônia é densamente povoada há 11 mil anos e carrega a memória viva da convivência entre natureza e cultura.
Raízes que sustentam Belém no Pará
O território que hoje chamamos Belém no Pará já foi conhecido como Mairi, a terra de Maíra — entidade mitológica responsável pela criação do mundo. Ali, os Tupinambás desenvolveram técnicas avançadas de plantio, pesca e cerâmica. Além disso, formaram comunidades organizadas, com até mil pessoas em áreas de apenas 2,5 hectares. Esses dados, descritos por pesquisadores como Marcos Magalhães, do Museu Emílio Goeldi, revelam uma Amazônia muito mais complexa e estruturada do que se imaginava. O escritor Márcio Souza, em História da Amazônia, reforça que esses povos construíram civilizações prósperas ao longo dos rios Guamá e Guajará, bases do atual centro histórico da cidade. Dessa forma, o legado indígena se entrelaça à origem urbana de Belém.
Sabedoria viva em Belém no Pará
Mesmo após a chegada dos colonizadores, o conhecimento ancestral não desapareceu. Pelo contrário, ele se reinventou no cotidiano das comunidades ribeirinhas. Michel Pinho ressalta que “a ocupação Tupinambá é a prática cotidiana de milhares de pessoas até hoje”. Assim, os costumes resistem no cultivo do açaí, na pesca artesanal e no manejo sustentável da floresta. Além disso, a cultura amazônica pulsa na língua: palavras em tupi, como carapanã (pernilongo) e Marituba, seguem vivas no vocabulário local. Essa herança linguística mostra que, em Belém, a ancestralidade não pertence apenas ao passado — ela molda o presente e inspira o futuro.
Belém no Pará e a COP30
Entre 10 e 21 de novembro de 2025, Belém no Pará receberá a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). O evento reunirá chefes de Estado, cientistas e ativistas de todo o mundo. Por isso, a cidade se prepara para oferecer ao planeta um exemplo concreto de convivência sustentável. Para Pinho, há algo poético nesse encontro: “A COP30 precisa entender que a sustentabilidade do planeta não está no futuro, ela está no passado, para ensinar a gente”. Nesse sentido, a sabedoria dos povos originários serve de inspiração para políticas climáticas mais humanas e eficazes.
Um futuro que nasce das raízes
Atualmente, Belém no Pará exibe ao mundo um patrimônio que une história e natureza. O Ver-o-Peso, a Ilha do Combú e o Forte do Presépio são exemplos dessa fusão. Durante a conferência, o historiador Michel Pinho conduzirá a aula pública Belém na COP30: passado, presente e futuro, partindo do Forte do Presépio. A iniciativa busca mostrar que o futuro sustentável nasce de quem compreende o valor de suas origens. Assim, Belém se torna mais do que a sede de um evento global — torna-se símbolo de esperança e de reconexão entre humanidade e floresta.
