A tarifa zero no Brasil ganha destaque após pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de São Paulo (USP) afirmarem que o país pode financiar a gratuidade no transporte coletivo por meio de um fundo de contribuição voltado para empresas. O grupo calcula que esse formato atende as 706 cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes e beneficia cerca de 124 milhões de pessoas. O modelo não exige recursos do orçamento da União.
No centro da proposta, os especialistas explicam que o fundo substitui o atual vale-transporte e cria a estrutura financeira da tarifa zero no país. As empresas com mais de dez funcionários pagam a contribuição, estimada em R$ 255 por trabalhador a cada mês. O professor Thiago Trindade detalha o cálculo: “um estabelecimento com 10 funcionários irá pagar a contribuição no valor de um; com 20 pagará o valor referente a 11”. Com esse formato, 81,5% dos estabelecimentos ficam isentos. Mesmo assim, o sistema arrecada perto de R$ 80 bilhões por ano, valor que os autores consideram adequado.
Tarifa zero no Brasil e seus efeitos no cotidiano das cidades
Ao analisar os números, os pesquisadores mostram que o custo nacional do transporte público gira em torno de R$ 65 bilhões anuais. Enquanto o passe livre Brasil nas 706 cidades exige R$ 78 bilhões. Além disso, eles defendem que o próprio fundo cobre essa diferença sem criar novos impostos. Dessa forma, o modelo surge como alternativa direta ao vale-transporte tradicional, chamado aqui de vale-transporte nacional como sinônimo da proposta.
O estudo também aponta efeitos sociais que fortalecem a ideia de uma tarifa zero Brasil. As famílias deixam de gastar com passagens, o que libera renda imediata e amplia o consumo. Trindade afirma que “isso vai gerar um aumento da arrecadação tributária, porque vai haver mais dinheiro circulando”. No Distrito Federal, o cálculo sugere impacto adicional de R$ 2 bilhões na economia em um ano.
Os pesquisadores relacionam o projeto ao incentivo para usar o transporte coletivo. Esse comportamento reduz acidentes, principalmente envolvendo motos. Esse tipo de veículo respondeu por quase 40% das mortes no trânsito em 2023. Assim, o avanço do passe livre Brasil também fortalece a segurança urbana e melhora a qualidade de vida nas regiões metropolitanas.
O estudo ainda destaca o caráter distributivo da tarifa zero Brasil. Trindade afirma que “esse seria um dos maiores programas de distribuição de renda do mundo”, já que garante deslocamento gratuito para quem depende do transporte coletivo todos os dias.
Caminhos futuros para a gratuidade no transporte
A proposta recomenda iniciar um projeto-piloto em 2026 para testar o funcionamento do sistema e reforçar a ideia de transporte acessível. Aliás, o estudo afirma que ampliar o debate e estimular ações públicas consistentes ajuda a fortalecer políticas voltadas ao bem-estar coletivo. Nesse cenário, a tarifa zero no Brasil aparece como ferramenta que pode inspirar práticas mais humanas nas cidades.
