Por séculos, o toque humano foi visto como um gesto de consolo e fé. Agora, ele desperta o interesse da ciência. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vem analisando o poder curativo do toque e seus efeitos sobre a saúde física e emocional. A pesquisa, liderada pelo fisiologista Ricardo Monezi, une práticas como o Johrei e o Reiki a métodos biomédicos modernos. Assim, os cientistas buscam compreender se a intenção e a presença compassiva podem alterar respostas do corpo, como níveis de estresse e equilíbrio imunológico. Além disso, os resultados iniciais sugerem que gestos simples de cuidado podem favorecer o bem-estar mental e a sensação de serenidade.
Os efeitos do toque sob a lente da biologia
Durante o mestrado, Monezi conduziu experimentos com camundongos portadores de tumor, aplicando sessões de imposição de mãos e observando variações em suas células de defesa. No doutorado, o pesquisador ampliou o estudo para 44 idosos com estresse crônico, comparando grupos que receberam o poder curativo do toque com outros que não o receberam. Os dados mostraram melhora do humor e da qualidade do sono em parte dos voluntários. Nesse contexto, o pesquisador associa os efeitos à liberação de ocitocina, conhecida como o “hormônio do vínculo”. Por outro lado, a ciência ainda busca entender como a empatia e o contato humano, pilares do poder curativo do toque, influenciam o sistema nervoso e imunológico de forma tão ampla.
O poder curativo do toque une ciência e espiritualidade
Em paralelo, o Instituto de Medicina Integrativa da Unifesp amplia os estudos para práticas como o Reiki e o toque compassivo em pacientes com doenças crônicas. Essa abordagem busca unir espiritualidade e medicina baseada em evidências, analisando respostas fisiológicas e emocionais em ambiente clínico controlado. Portanto, o poder curativo do toque deixa de ser apenas uma crença ancestral para se tornar um campo legítimo de investigação. De modo inspirador, Monezi resume: compreender esse fenômeno é compreender também a força do afeto, da empatia e da presença humana.
Enquanto novas etapas da pesquisa avançam, a mensagem central permanece: a ciência pode medir impulsos e hormônios, mas o toque — esse gesto simples e universal — continua a revelar a parte mais luminosa da nossa humanidade.
