A marca Twitter voltou ao centro do debate global quando uma startup americana decidiu contestar, nos Estados Unidos, a titularidade do nome que marcou a história das redes sociais. Nesse cenário, o pedido foi protocolado no Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO). Segundo a argumentação apresentada, a X Corp., controladora da antiga plataforma, deixou de usar o nome de forma legal após o rebranding iniciado em 2023. Dessa forma, o que parecia encerrado ganhou novos desdobramentos.
Tese de abandono legal
A iniciativa partiu da Operation Bluebird. Atualmente, o grupo é liderado pelo advogado Michael Peroff e por Stephen Coates, ex-funcionário do antigo Twitter. De acordo com a petição, a marca Twitter teria sido abandonada quando a empresa passou a adotar exclusivamente o nome X. Além disso, retirou o pássaro azul e redirecionou o tráfego de Twitter.com para X.com. Nesse contexto, a startup utiliza uma declaração pública de Elon Musk sobre a despedida da marca como elemento central do argumento.
Paralelamente, a Operation Bluebird apresentou um novo pedido de registro. A proposta, dessa vez, prevê o uso do nome em uma plataforma chamada Twitter.new. Segundo seus idealizadores, o projeto busca recriar a experiência clássica da rede social. Para isso, combina o formato conhecido com ferramentas de inteligência artificial voltadas à moderação e à checagem de informações.
Uso social ainda sustenta a marca Twitter
Apesar desses pontos, especialistas em Direito de marcas avaliam que o caso não é simples. Isso porque a legislação americana exige prova de três anos sem uso contínuo. Além do tempo, a norma também aceita evidências de ausência de intenção de retomada. Nesse ponto específico, entra um fator menos técnico e mais cultural. Muitos usuários continuam chamando a plataforma de Twitter e suas publicações de tweets. Para juristas, essa associação recorrente indica que a marca ainda mantém vínculo com seu dono original.
Nesse sentido, a professora Roberts, da Northeastern University, explicou ao The Verge que essa permanência no vocabulário popular sustenta a ideia de “boa vontade residual”. O conceito do antigo Twitter, por sua vez, reconhece o valor simbólico de uma marca mesmo fora do uso formal. Por isso, o histórico social do nome passa a ter peso direto na análise jurídica.
Atualmente, o processo administrativo ainda está no início. A X Corp. tem prazo para responder e, caso haja contestação, a disputa pode se estender por anos. Ainda assim, o episódio revela algo maior. Marcas digitais não dependem apenas de decisões corporativas. Elas também refletem a forma como as pessoas continuam a usá-las no cotidiano. Seja mantida pela X ou assumida por novos atores, a marca Twitter mostra que nomes fortes raramente desaparecem. Em vez disso, eles se transformam e encontram novos caminhos.
