Joel Divo, professor, vive uma rotina dupla que, à primeira vista, parece improvável. Durante a semana, Joel Marques, 49 anos, atua como orientador educacional em Ceilândia (DF) e professor de língua portuguesa em Águas Lindas (GO). Ao mesmo tempo, fora do ambiente escolar, ele se tornou um dos criadores de conteúdo mais reconhecidos do país, reunindo 1,7 milhão de seguidores atraídos pela simplicidade do cotidiano.
Nesse contexto, a popularidade não surgiu de uma estratégia sofisticada. Pelo contrário, ela nasceu da observação atenta da vida comum. Ao mostrar tarefas domésticas ao som de divas pop, Joel criou uma linguagem acessível, que rapidamente atravessou bolhas e idades. Assim, o público passou a enxergar nos vídeos algo familiar e acolhedor.
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Da formação pedagógica ao alcance nacional
Antes da fama digital, a história de Joel já era marcada por persistência. Natural de Barras, no Piauí, ele se formou em pedagogia pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). No entanto, como ocorre com muitos docentes, a formação acadêmica não garantiu estabilidade financeira imediata. Por isso, em 2007, ele se mudou para Brasília em busca de novas oportunidades.
Durante esse período, trabalhou por três anos em uma multinacional de celulares. Ainda assim, a vocação pela educação falou mais alto. Joel voltou a estudar para concursos e retomou a docência, acumulando hoje 28 anos de sala de aula. Atualmente, está a dois anos da aposentadoria formal, embora sua trajetória tenha tomado um rumo inesperado com as redes sociais.
A virada digital e o método por trás do improviso de Joel Divo
A mudança começou durante a pandemia. Inicialmente, Joel publicava conteúdos variados, sem um formato definido. Contudo, um vídeo sobre tipos de jaca viralizou e revelou o potencial de um estilo espontâneo. A partir dali, ele ajustou o caminho. Em maio de 2025, Joel Divo professor consolidou vídeos diários, conhecidos como “segundou”, “terçou” e “quartou”, sempre ligados à música pop.
Apesar da aparência leve, existe planejamento rigoroso. Para manter publicações todos os dias, Joel grava vídeos nos fins de semana e organiza visitas comerciais fora do horário escolar. Dessa forma, os dias úteis ficam reservados apenas para a gestão de postagens e parcerias.
O resultado é um faturamento médio mensal de R$ 48 mil. Desse total, cerca de R$ 8 mil vêm da monetização direta em plataformas como TikTok e Kwai. Enquanto isso, contratos publicitários respondem pela maior parte da receita. No início, Joel utilizou o ChatGPT para analisar métricas de engajamento e definir valores de cobrança.
Ética, impacto humano e caminhos adiante
Além dos números, Joel Divo professor se diferencia pela postura ética. Ele evita anúncios engessados e prioriza uma comunicação natural. Assim, preserva a confiança do público e atrai marcas interessadas em conexão real. Ao mesmo tempo, mantém atenção às regras do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), especialmente em conteúdos sensíveis.
Por fim, o impacto mais profundo aparece nas mensagens recebidas diariamente. Seguidores relatam que os vídeos funcionam como alívio emocional em momentos difíceis. Joel, portanto, não vê o conteúdo apenas como entretenimento. Ele planeja profissionalizar ainda mais o negócio digital até a aposentadoria, sem abandonar a educação. Sua trajetória mostra que caminhos improváveis também podem ser férteis quando há propósito e organização.
