O homem que cruzou o mundo a pé partiu sem garantias, mapas definitivos ou data segura de retorno. Em 1998, Karl Bushby deixou o Chile decidido a voltar caminhando até Hull, no Reino Unido. 27 anos depois, o fim da jornada finalmente ganha contornos reais. A poucos países de casa, ele carrega no corpo os quilômetros e, na memória, a ausência prolongada da família que ficou esperando.
Homem que cruzou o mundo a pé e a promessa de voltar
A travessia começou como um plano de 12 anos, mas guerras, fronteiras fechadas e entraves diplomáticos alteraram o ritmo. Ainda assim, Karl seguiu. Caminhou pela América do Sul, Central e do Norte, cruzou regiões da Ásia e chegou à Europa após contornar países onde vistos se tornaram barreiras. Em 2006, entrou para a história ao atravessar o Estreito de Bering sobre placas de gelo. O feito consolidou a trajetória do homem que cruzou o mundo a pé.
A espera silenciosa de uma mãe em Hull
Enquanto o filho avançava, Angela Bushby permanecia na antiga casa da família. Desde 1998, ela o viu pessoalmente apenas três vezes. Fotografias, recortes de jornal e presentes guardados marcaram o tempo. A cada notícia, orgulho e apreensão dividiram espaço. Para ela, a jornada nunca foi só geográfica. Foi também emocional, atravessada por noites sem sono e chamadas esporádicas que mantinham o vínculo vivo — mesmo quando o homem que cruzou o mundo a pé estava do outro lado do planeta.
A volta prevista para setembro de 2026 levanta uma nova pergunta: como é retornar depois de quase três décadas fora? Para Karl, o desafio agora não envolve gelo ou desertos, mas readaptação. Para Angela, o reencontro encerra um ciclo longo, feito de espera e confiança. Quando o homem que cruzou o mundo a pé atravessar o portão de casa, não será apenas o fim de uma jornada física, mas o início de uma nova travessia, agora com os pés firmes no lugar onde tudo começou.
