Categoria Cotidiano

O que é a frota de ‘navios fantasmas’ que os EUA acusam a Venezuela de usar?

Mesmo sob sanções dos EUA, a Venezuela mantém exportações de petróleo com apoio da frota de navios fantasmas, enquanto cresce a vigilância militar no Caribe.

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A frota de navios fantasmas tornou-se uma alternativa operacional após as sanções impostas pelos Estados Unidos ao petróleo da Venezuela em 2019. Naquele ano, as exportações caíram para cerca de 495 mil barris por dia. Depois disso, mesmo com as restrições mantidas, o país voltou a exportar perto de 1 milhão de barris diários seis anos depois. Segundo analistas internacionais, esse avanço ocorreu, em parte, graças à logística paralela criada para sustentar as vendas externas.

Esse volume, no entanto, segue distante dos 3 milhões de barris por dia registrados em 1998, antes da chegada de Hugo Chávez ao poder. Ainda assim, o avanço parcial revela a adaptação do governo Maduro. O país passou a reativar poços e a redesenhar rotas comerciais. Nesse contexto, a frota de navios fantasmas, também descrita como frota clandestina de petroleiros, passou a sustentar receitas e contratos no comércio de petróleo.

Apoio

Drible às sanções

A frota de navios fantasmas reúne embarcações que ocultam origem, destino e identidade do petróleo transportado. Segundo a S&P Global, um em cada cinco petroleiros no mundo participa desse tipo de operação ligada a países sob sanções. Além disso, estimativas da Windward indicam cerca de 1,3 mil navios ativos. Muitos deles são antigos, perfil comum entre os navios fantasmas usados para escapar de controles formais.

Entre as práticas recorrentes da frota de navios fantasmas estão a troca frequente de nome e bandeira. Também ocorre o uso de registros de países com fiscalização branda. Outro recurso comum é o desligamento do sistema de identificação automática. Além disso, há transferências de carga em águas internacionais. Esse método permite que o petróleo chegue ao destino final como se viesse de países não sancionados.

Frota de navios fantasmas sob vigilância militar

A apreensão de um grande petroleiro na quarta (10/12) elevou a tensão entre Washington e Caracas. Com isso, a frota de navios fantasmas passou a ficar sob atenção direta das Forças Armadas dos EUA. Ao anunciar a operação, Donald Trump declarou: “Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um petroleiro grande, muito grande.” O governo Maduro reagiu em seguida. A gestão classificou a ação como “roubo descarado e ato de pirataria” e prometeu recorrer a instâncias internacionais.

Relatórios da ONG Transparência Venezuela mostram que, apenas em outubro, 71 petroleiros estrangeiros operaram nos portos da PDVSA. Muitos atuaram em modo furtivo, característica associada à frota clandestina. Para especialistas, o reforço militar dos EUA no Caribe amplia riscos para essa logística paralela. Mesmo assim, a trajetória da frota de navios fantasmas indica que criatividade, tecnologia e brechas regulatórias seguem moldando o comércio global de petróleo, mesmo sob forte pressão internacional.s de forte pressão política.