O Dia da Mulher Advogada, celebrado em 15 de dezembro, nasce de uma história de persistência que atravessa mais de um século. A data homenageia Myrthes Gomes de Campos, que em 1906 conquistou o registro profissional e abriu caminho em um ambiente dominado por homens. À época, exercer o Direito exigia não apenas formação, mas coragem para enfrentar resistências institucionais e culturais.
Formada em Direito em 1898, no Rio de Janeiro, Myrthes estreou no Tribunal do Júri ainda em 1899. Para isso, precisou adaptar a toga a um corpo feminino, gesto simbólico de afirmação profissional. Além da atuação forense, produziu textos sobre temas sensíveis para o início do século XX, como o voto feminino e o direito ao aborto. Assim, sua trajetória uniu prática jurídica e reflexão social, algo raro naquele período.
Um legado que atravessa gerações no Dia da Mulher Advogada
Décadas depois, o Dia da Mulher Advogada ganhou reconhecimento oficial em 2016, quando o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil instituiu a data. A escolha não foi casual. Ao olhar para Myrthes, a advocacia reconheceu uma origem marcada por enfrentamento e abertura de oportunidades para outras mulheres.
Atualmente, esse legado aparece nos números. Dados da OAB indicam que as mulheres já representam pouco mais da metade dos inscritos, com mais de 700 mil profissionais em atividade. Além disso, em 2025, a entidade ampliou a presença feminina em cargos de decisão, com dezenas de conselheiras federais e comissões presididas por advogadas.
Caminhos adiante
O Dia da Mulher Advogada também convida à reflexão sobre o presente. Embora a presença feminina seja ampla, desafios persistem, como diferenças de renda e acesso a posições de liderança. Ainda assim, iniciativas institucionais e o engajamento coletivo mostram que a advocacia brasileira segue ampliando espaços. A história iniciada por Myrthes continua viva cada vez que uma nova geração transforma o Direito em instrumento de participação e justiça.
