No céu das madrugadas, um visitante de outro sistema estelar chama a atenção de astrônomos e curiosos: o cometa 3I/ATLAS. Mesmo distante, a cerca de 270 milhões de quilômetros, essa relíquia cósmica terá seu ponto de maior proximidade da Terra na sexta-feira (19/12). Ainda assim, o momento desperta interesse porque permite acompanhar um objeto formado além do nosso Sistema Solar. Observar esse fragmento antigo vai além de enxergar um ponto luminoso; representa contato direto com histórias que começaram longe do Sol.
Cometa 3I/ATLAS e a chance rara de observação da Terra
A trajetória do cometa 3I/ATLAS vem encantando quem observa o céu antes do amanhecer. Desde o início de dezembro, ele voltou a aparecer após passar atrás do Sol. Desde então, tornou-se um alvo visível na direção leste, pouco antes do nascer do dia. Por isso, astrônomos indicam a observação em locais com baixa poluição luminosa. Além disso, o uso de telescópios amadores de boa qualidade faz diferença. Equipamentos com abertura entre 150 e 200 milímetros já permitem identificar o cometa com mais clareza.
Telescópios mais potentes, vendidos por valores a partir de cerca de R$ 2.500, ajudam a revelar detalhes do núcleo e da cauda. Ao mesmo tempo, imagens recentes mostram que o cometa 3I/ATLAS está ficando mais brilhante conforme se aproxima do Sol. Esse aumento de luminosidade indica maior atividade. Com isso, gases e poeira passam a ser liberados, formando a atmosfera tênue e a trilha visível que acompanha o cometa pelo espaço.
O que torna esse visitante interestelar tão especial para a ciência
O cometa 3I/ATLAS ocupa um lugar raro na história da astronomia. Ele é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado, depois de ʻOumuamua, em 2017, e Borisov, em 2019. Astrônomos descobriram o corpo celeste em julho de 2025, por meio de um telescópio do projeto ATLAS, instalado no Chile. Antes disso, enquanto cruzava a região de Marte, duas sondas em órbita do planeta vermelho registraram imagens detalhadas da passagem.
Segundo o astrônomo Cássio Barbosa, do Centro Universitário FEI, a composição química do cometa 3I/ATLAS trouxe surpresas. O objeto apresenta excesso de níquel em comparação com cometas do nosso sistema. Além disso, estudos sugerem que ele pode ser até bilhões de anos mais antigo que o Sol. Por esse motivo, os cientistas veem o cometa como uma relíquia de outros sistemas planetários. Estudar esse visitante amplia o entendimento sobre como poeira e gás se organizam ao redor de estrelas distantes.
Nas madrugadas, o brilho discreto do cometa 3I/ATLAS convida a olhar além da rotina terrestre. Assim, cada observação reforça o vínculo entre ciência e curiosidade humana. Mais do que um espetáculo no céu, essa passagem amplia a compreensão sobre a diversidade de mundos que existem fora do nosso bairro cósmico.
