Categoria Cotidiano

Arquivos de Stephen Hawking revelam corrida silenciosa para salvar a memória digital do século 20

Os arquivos de Stephen Hawking, armazenados em disquetes antigos, estão sendo recuperados pela Universidade de Cambridge em um esforço para preservar a memória digital e evitar que registros científicos e pessoais se tornem ilegíveis.

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Os arquivos de Stephen Hawking voltaram ao centro das atenções não por novas teorias sobre o universo, mas por um desafio bem terreno. Hoje, salvar dados presos em tecnologias extintas tornou-se uma corrida contra o tempo. Guardados em centenas de disquetes, esses registros correm o risco de desaparecer, levando consigo parte essencial da história científica recente.

Nesse contexto, a Biblioteca da Universidade de Cambridge recebeu 113 caixas vindas do antigo escritório do físico. Entre documentos impressos, cálculos e fotografias, surgiram mídias que hoje parecem peças de museu. Ainda assim, nelas estão palestras, textos de trabalho e comunicações usadas por Hawking ao longo de décadas, inclusive para se expressar por meio de seu sintetizador de voz.

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Quando o avanço tecnológico vira ameaça

Por outro lado, ao contrário de manuscritos em papel, os arquivos de Stephen Hawking dependem de equipamentos específicos para serem acessados.

Segundo Leontien Talboom, responsável pelo projeto Futura Nostalgia, “com os disquetes, porém, você precisa de equipamentos especializados apenas para acessar o conteúdo. É como precisar de uma chave para abrir um livro”.

Além disso, o tempo atua contra essas mídias, já que o material magnético começa a se degradar após décadas. Diante desse cenário, a equipe passou a restaurar computadores antigos, buscar leitores em mercados de colecionadores e até construir cabos sob medida. Assim, cada tentativa exige precisão e paciência, pois qualquer falha pode comprometer dados únicos do fim do século passado.

Arquivos de Stephen Hawking são descobertas que humanizam o gênio

Ao longo do processo, surgiram surpresas inesperadas. Além de palestras e textos científicos, os arquivos de Stephen Hawking revelaram cartas pessoais e até jogos eletrônicos. Com isso, esses achados ajudam a compor um retrato mais íntimo do cientista, mostrando hábitos e interesses que vão além das equações.

Para Talboom, acessar esses dados provoca uma sensação rara de conexão com o passado. “Acho fascinante pensar que alguém guardou um disquete há 40 anos e que eu sou a primeira pessoa a vê-lo novamente. É como descobrir algo”, afirma.

Tradução digital para o futuro

Nesse ponto, o trabalho de restauração dos arquivos de Stephen Hawking ganha uma dimensão histórica.

Peter Rees, arquivista do projeto, compara a tarefa a uma prática antiga. “Os filólogos vão ao latim antigo e o traduzem para um texto que podemos ler hoje. É isso que o projeto Futura Nostalgia está fazendo com esse código ilegível”, explica.

A partir dessa conversão, os conteúdos passam a existir em formatos atuais, acessíveis a pesquisadores e historiadores. Por fim, ao preservar os arquivos de Stephen Hawking, Cambridge lança um alerta claro sobre como a sociedade registra sua própria história. Em um mundo cada vez mais digital, cuidar da memória tecnológica torna-se um gesto coletivo. Dessa forma, vozes decisivas do nosso tempo podem continuar audíveis para as próximas gerações.