A licença para amizades começou a mudar a rotina de funcionários de uma grande rede de farmácias na Suécia ao tratar a convivência social como parte do bem-estar no trabalho. Em Kalmar, no sul do país, a atendente Yasmine Lindberg encontrou nesse benefício uma chance concreta de reorganizar sua vida social após anos de isolamento. O programa surge em um contexto nacional de atenção crescente à solidão, tema que já entrou de forma clara na agenda pública de saúde.
Como funciona a licença para amizades
Criada pela rede Apotek Hjärtat, a licença para amizades garante 15 minutos semanais, ou uma hora por mês, dentro do expediente. Esse tempo permite que o funcionário cuide de seus relacionamentos. Além disso, cada participante recebeu 1.000 coroas suecas para apoiar atividades sociais ao longo de um ano. Dessa maneira, o benefício amplia o conceito tradicional de ações corporativas ao incluir conexões humanas no cuidado com a saúde.
Apoio
Papel das empresas
Ao mesmo tempo, a empresa ofereceu treinamento online sobre solidão para cerca de 4.000 colaboradores. Segundo a CEO Monica Magnusson, a licença para amizades nasceu da observação de que conversas breves e autênticas já fazem diferença no cotidiano. Assim, reservar um período formal para amizades passou a ser visto como investimento direto no clima interno e na qualidade de vida.
O projeto também dialoga com ações do governo sueco. Em julho, a Agência de Saúde Pública lançou a primeira estratégia nacional voltada à redução da solidão. O ministro da Saúde, Jakob Forssmed, acompanha a experiência e destaca que iniciativas como a licença para amizades ajudam a tratar o tema como questão de saúde coletiva e impacto econômico, ao influenciar afastamentos e custos médicos.
Embora ainda em fase inicial, a licença para amizades já reúne relatos de maior satisfação pessoal entre os participantes. Em um país onde pesquisas oficiais mostram que parte da população vive sem amigos próximos, esse benefício social no trabalho aponta novos caminhos. Ao valorizar o encontro e a troca, empresas e governo ajudam a desenhar ambientes mais humanos, nos quais o trabalho também abre espaço para vínculos que sustentam a vida cotidiana.
