A crise climática pressiona as cidades brasileiras, mas Campinas mostra que a resposta pode estar na própria natureza. Ao revisar seus Planos Municipais do Verde, de Recursos Hídricos e de Educação Ambiental, a cidade incluiu metas específicas de políticas municipais que priorizam Soluções Baseadas na Natureza (SBN). Com isso, a expansão urbana passou a considerar tanto a vulnerabilidade social quanto os riscos ambientais, apontando um caminho inovador para adaptação climática.
Campinas integra natureza às políticas municipais
Um estudo realizado pelo WRI Brasil e pelo ICLEI avaliou as bacias dos rios Atibaia e Capivari, que abastecem Campinas e região. O levantamento mostrou que manter 78 mil hectares de vegetação conservada pode evitar R$ 6,6 milhões por ano em custos de tratamento e dragagem. Além disso, a restauração de 14 mil hectares degradados acrescentaria R$ 1,7 milhão anuais em benefícios, totalizando R$ 8,3 milhões de economia. Esses números reforçam que preservar florestas e recuperar áreas críticas é tão estratégico para as políticas municipais quanto obras de concreto.
Os ganhos não se limitam ao orçamento público. O estudo prevê que a conservação de áreas prioritárias pode reduzir em até 14% a turbidez da água, diminuindo o uso de químicos no tratamento e melhorando o abastecimento. Além disso, projetos de jardins de chuva, corredores verdes e recuperação de nascentes ajudam a reduzir ilhas de calor, ampliam a biodiversidade e criam novos espaços de convivência. Assim, Campinas combina planejamento urbano e conservação ambiental de forma prática e integrada com as políticas municipais.
Articulação regional amplia impacto das ações
Outro ponto essencial é que muitas áreas prioritárias estão fora do limite de Campinas. Isso mostra que SBN exigem escala metropolitana, envolvendo a Região Metropolitana de Campinas e o Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A cidade já deu passos nesse sentido ao alinhar suas metas com planos regionais de conectividade ecológica. Dessa forma, a cooperação fortalece as políticas municipais e amplia benefícios para comunidades de diferentes municípios.
Ao unir ciência, governança e participação social, Campinas comprova que é possível enfrentar a crise climática com soluções acessíveis. O exemplo inspira outras regiões a incorporar SBN em seus planos urbanos, gerando economia pública e mais qualidade de vida para a população. Em um cenário de mudanças climáticas cada vez mais intensas, políticas municipais que apostam na natureza podem se tornar o alicerce de cidades mais seguras, saudáveis e inspiradoras.