O uso terapêutico da copaíba vem ganhando destaque ao unir saber tradicional amazônico e evidências científicas. A pesquisadora Jhéssica Krhistinne Caetano Frota, da Unicamp, em parceria com a UFOPA, avaliou amostras de Copaifera reticulata coletadas na Floresta Nacional do Tapajós. Os ensaios indicaram efeitos antitumorais e anti-inflamatórios relevantes.
Resultados que reforçam o potencial medicinal da copaíba
A oleorresina foi fracionada em duas partes: a volátil, rica em sesquiterpenos, e a resinosa, com diterpenos. Ambas mostraram capacidade de eliminar células tumorais em várias linhagens, incluindo pulmão (H1299), mama (MCF-7), ovário, linfoma e osteossarcoma. Além disso, em H1299, mais de 80% das células foram atingidas pela fração resinosa; na MCF-7, a volátil foi mais eficaz.
Efeitos observados do uso terapêutico em modelos animais
Em camundongos, o óleo integral reduziu o peso tumoral em cerca de 44 % (75 mg/kg) e até 85 % (150 mg/kg). A fração volátil também apresentou efeito expressivo, com redução de 55 % na dose de 250 mg/kg. Houve ainda ação anti-inflamatória em determinadas concentrações. Apesar dos resultados, os pesquisadores alertam que o uso terapêutico da copaíba em humanos ainda requer estudos clínicos. De fato, as doses seguras observadas foram de até 500 mg/kg para o óleo, 1.000 mg/kg para a fração volátil e 500 mg/kg para a resinosa.
Uso terapêutico da copaíba com responsabilidade científica e ambiental
Além disso, este avanço mostra que pesquisadores podem estudar o uso terapêutico da copaíba de forma sustentável, preservando a biodiversidade amazônica e garantindo rastreabilidade. Por isso, o diálogo entre conhecimento tradicional e ciência moderna é essencial para o desenvolvimento de novos fitoterápicos.
Caminho até virar medicamento
Por fim, pesquisadores ainda precisam realizar estudos de toxicidade prolongada, investigar mecanismos de ação, padronizar quimicamente o extrato e conduzir ensaios clínicos para levar o uso terapêutico da copaíba ao mercado como fitoterápico seguro e eficaz. O artigo técnico está disponível na Acta Amazônica e a matéria completa no Jornal da Unicamp (2025).