A produção de mirtilo está mudando a paisagem agrícola nacional. Antes restrita a países frios, essa fruta azul de alto valor agregado já ocupa áreas do Sul ao semiárido nordestino. Graças à tecnologia e a variedades adaptadas, o cultivo se tornou viável em regiões antes inimagináveis para a espécie.
A história começou nos anos 1980, quando a Embrapa Clima Temperado introduziu cultivares do tipo rabbiteye no Rio Grande do Sul. Vacaria se destacou como polo inicial, impulsionando a primeira safra comercial em 1990. Por muito tempo, acreditou-se que o mirtilo só se desenvolveria bem sob frio intenso no inverno.
Variedades e tecnologia
Essa percepção mudou com a chegada da variedade biloxi, desenvolvida após pesquisas na Flórida. Capaz de frutificar em climas mais quentes, ela abriu caminho para que a produção de mirtilo se expandisse para o Sudeste, o Nordeste e até o semiárido. Hoje, produtores em Petrolina (PE) colhem até 15 toneladas por hectare, com safras que podem durar seis meses por ano.
A cultura exige investimento inicial elevado — cerca de R$ 300 mil por hectare —, mas os preços praticados nos Ceasas, variando de R$ 40 a R$ 200 o quilo, justificam o interesse crescente. Além disso, a longevidade dos plantios, entre 12 e 15 anos, garante retorno a médio e longo prazo.
A Chácara Catavento é referência nacional no cultivo de mirtilos adaptados a climas quentes, atuando desde 2011 com técnicas inovadoras. Utilizando produção em vasos com irrigação por gotejamento, garante a cada planta a quantidade ideal de água e nutrientes. Esse cuidado resulta em frutas de sabor marcante e alto valor nutricional, reconhecidas por suas propriedades antioxidantes e benefícios à saúde.
Oportunidades e perspectivas da produção de mirtilo
Com apoio de universidades, startups e da Embrapa, produtores têm acesso a genética de ponta, sistemas de irrigação eficientes e viveiros especializados. Essas tecnologias permitem ampliar o alcance da produção de mirtilo e torná-la viável até para pequenos agricultores que buscam diversificação.
Portanto, do frio de Pelotas (RS) ao calor de Petrolina (PE), o mirtilo se consolida como alternativa rentável, com potencial para fortalecer cadeias produtivas locais e ampliar a presença do Brasil no mercado internacional de frutas finas.
Por fim, mais informações sobre pesquisas e cultivares podem ser consultadas no site oficial da Embrapa Clima Temperado.