O Brasil pode estar prestes a superar dois grandes desafios sanitários com o desenvolvimento de uma vacina contra dengue e zika. A nova abordagem, proposta pela pesquisadora Sujan Shresta (La Jolla Institute for Immunology, 2024), combina RNA auto-replicante com antígenos virais, ativando não apenas anticorpos, mas também células T CD4+ e CD8+. Assim, proporciona uma imunidade mais abrangente e duradoura.
Além disso, a estratégia se baseia em evidências de proteção cruzada. Estudos indicam que indivíduos expostos previamente à dengue tendem a apresentar casos mais leves de zika (Shresta et al., Nature Microbiology, 2024). Essa constatação reforça a importância de uma vacina combinada, especialmente em países tropicais, como o Brasil.
Contexto atual da vacina contra dengue e zika no Brasil
Diante dos surtos recentes, a vacina contra dengue e zika surge em um momento crítico. Em 2024, o Brasil registrou o maior surto de dengue da história, com mais de 6,6 milhões de casos e 6.200 mortes (Ministério da Saúde, 2024). Em 2025, o país já concentrava 87% dos casos suspeitos das Américas, com destaque para São Paulo, que decretou estado de emergência (Agência Brasil, 2025).
Por outro lado, o zika também representa uma ameaça persistente. Até março de 2025, o país já acumulava mais de 5.500 casos, especialmente em Mato Grosso, São Paulo e Acre (Organização Pan-Americana da Saúde, 2025). Embora as campanhas de vacinação contra dengue tenham avançado — inclusive com a primeira vacina de dose única desenvolvida no Brasil pelo Instituto Butantan —, ainda não há imunização aprovada para zika. A seguir, tire suas principais dúvidas sobre a vacina da dengue no Brasil.
Como funciona a vacina contra dengue e zika
A vacina contra dengue e zika utiliza uma tecnologia inovadora baseada em RNA auto-replicante encapsulado em nanopartículas lipídicas. Essa plataforma, que lembra as vacinas contra a COVID-19, é projetada para estimular o sistema imunológico de forma eficiente e duradoura.
Além disso, ela inclui antígenos estruturais e não estruturais dos vírus, o que permite ativar diferentes tipos de resposta imune. Isso é essencial para gerar proteção cruzada, ou seja, proteção contra diferentes tipos de vírus com uma única formulação. Segundo o La Jolla Institute (2024), a ativação simultânea de anticorpos e células T é capaz de reduzir a gravidade das infecções e diminuir a propagação viral.
Vacina contra dengue e zika e o impacto nas populações vulneráveis
O avanço da vacina contra dengue e zika é especialmente relevante para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. Essas áreas enfrentam maior densidade de mosquitos, infraestrutura sanitária precária e acesso limitado a serviços de saúde. Por isso, uma vacina combinada e de fácil aplicação pode fazer toda a diferença.
Além disso, famílias de baixa renda, sobretudo aquelas com crianças afetadas pela Síndrome Congênita do Zika (CZS), encontram dificuldades para garantir tratamento, reabilitação e apoio financeiro. De acordo com a Fiocruz (2024), estima-se que existam cerca de 20 mil casos suspeitos de CZS no Brasil, a maioria em regiões quentes e de baixa renda.
Avanços promissores e perspectivas futuras
Apesar dos desafios logísticos e financeiros, a vacina contra dengue e zika pode ser um divisor de águas. Ao reunir inovação tecnológica e compromisso com a saúde pública, ela representa uma ferramenta poderosa para fortalecer o SUS e ampliar a proteção da população.
Segundo o Instituto Butantan (2025), o Brasil planeja distribuir 60 milhões de doses da vacina contra dengue ainda este ano, priorizando crianças de 10 a 14 anos. Embora a vacina combinada ainda esteja em fase experimental, sua viabilidade técnica já está sendo analisada com bons resultados.
Portanto, iniciativas como essa reafirmam a importância de investir em ciência e inovação como caminho para garantir saúde, equidade e bem-estar.