Um composto do pepino-do-mar mostrou potencial para inibir a enzima Sulf-2, associada ao crescimento de células cancerígenas. A descoberta, realizada por pesquisadores da Universidade do Mississippi, nos Estados Unidos, foi publicada na revista científica Glycobiology.
Trata-se de um açúcar especial encontrado no pepino-do-mar da espécie Holothuria floridana. Ele pode, portanto, abrir caminho para o desenvolvimento de medicamentos mais seguros e eficazes no combate ao câncer.
Como o composto do pepino-do-mar atua nas células
O composto em questão é o sulfato de condroitina fucosilado. Segundo o estudo, ele foi capaz de bloquear a ação da enzima Sulf-2, que participa da modificação dos glicanos — estruturas essenciais na comunicação entre as células.
Ou seja, ao impedir essa enzima, o composto do pepino-do-mar reduz a capacidade do câncer de se desenvolver. Além disso, o açúcar marinho demonstrou um efeito importante: ele não interfere na coagulação sanguínea, diferentemente de outras substâncias com a mesma função.
Por isso, o composto se torna ainda mais interessante para futuras terapias, já que evita riscos como sangramentos, comuns em pacientes que utilizam anticoagulantes.
Segurança, eficácia e novos caminhos para a pesquisa
Além da eficácia, os cientistas ressaltam que o composto do pepino-do-mar é mais seguro do que outros derivados de animais terrestres. Isso porque não há risco de contaminação por vírus ou agentes infecciosos durante o processo de extração.
De acordo com Robert Doerksen, professor de química medicinal, os dados laboratoriais e os testes em simulações computacionais apontaram resultados consistentes. Dessa forma, a confiabilidade da descoberta foi reforçada.
Enquanto isso, o professor Joshua Sharp destaca que a ausência de interferência na coagulação é um dos grandes diferenciais da molécula. “É promissor que esta molécula específica não cause sangramentos, como acontece com outros compostos semelhantes”, afirma.
Composto do pepino-do-mar pode virar medicamento no futuro
Apesar dos resultados positivos, ainda há obstáculos. Como o pepino-do-mar não está amplamente disponível, seria inviável utilizá-lo em larga escala. Por isso, os pesquisadores agora buscam uma forma de sintetizar artificialmente o composto do pepino-do-mar.
Segundo Vitor H. Pomin, coautor do estudo, a criação de uma rota química segura permitirá avançar com os testes em animais. Assim, será possível avaliar melhor a eficácia e segurança do composto em situações reais.
Além disso, a pesquisa foi conduzida de forma interdisciplinar, envolvendo áreas como farmacologia, química orgânica e biologia computacional. Essa integração é essencial para lidar com doenças complexas, como o câncer.
Portanto, o composto do pepino-do-mar surge como uma alternativa natural, segura e promissora para tratamentos futuros na área da oncologia.