Transplante de coração foi a única alternativa para que a escritora Patricia Fonseca, hoje com 39 anos, pudesse voltar a viver com plenitude. Diagnosticada com uma cardiopatia congênita, ela passou quase uma década na fila, enfrentando internações frequentes e limitações severas.
Durante a longa espera, Patricia aprendeu a ressignificar o tempo. Mesmo hospitalizada, comemorava aniversários e datas especiais com a equipe de saúde. Segundo o cirurgião Paulo Pego Fernandes, do Hospital do Coração (Hcor), muitos pacientes enfrentam agravamento do quadro clínico enquanto aguardam o transplante, o que reforça a importância da doação de órgãos.
Transplante de coração impulsiona superação no esporte
Após receber o novo coração, Patricia surpreendeu a todos ao se dedicar ao triatlo. Com acompanhamento médico, ela passou a nadar, pedalar e correr — atividades que antes seriam impossíveis. Em pouco tempo, tornou-se a primeira brasileira transplantada cardíaca a completar oficialmente uma prova de triatlo: 400 metros de natação, 32 km de ciclismo e 5 km de corrida.
Além disso, sua trajetória inspiradora virou livro. Em Coração de Atleta, Patricia narra os desafios da fila de espera, os momentos de incerteza e as conquistas alcançadas com o novo coração. A obra já emociona leitores em todo o país.
Dados reforçam impacto de tal ato no Brasil
O caso de Patricia não é único. Marcelo Faustino Martinelli, de 44 anos, também enfrentou anos de espera até receber um transplante de coração em fevereiro de 2024. Hoje, ele se recupera ao lado da família e relata melhora significativa na qualidade de vida. Ainda assim, precisa seguir cuidados rigorosos, como evitar aglomerações por conta da baixa imunidade.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ultrapassou a marca de 30 mil transplantes em 2024, um crescimento de 18% em relação a 2022. Ou seja, o país superou os números anteriores à pandemia e alcançou recorde histórico. No entanto, o desafio permanece: apenas 55% das famílias autorizam a doação de órgãos após a morte de um ente querido.
Transplante de coração é mais que cura: é recomeço
Para os médicos, o transplante de coração não apenas salva vidas, mas redefine o futuro dos pacientes. “Ele muda completamente a perspectiva e a qualidade de vida dessas pessoas”, afirma Paulo Pego Fernandes.
Histórias como a de Patricia e Marcelo mostram que, com doação e cuidado, é possível viver plenamente após o transplante. Por isso, campanhas de conscientização sobre a importância de doar órgãos continuam sendo fundamentais.