Artistas asiáticos que viveram em Paris no século 20, enfim, receberam o reconhecimento que sempre mereceram. Após décadas de invisibilidade, suas criações são redescobertas por museus, estudiosos e colecionadores internacionais, trazendo à tona uma rica produção artística que mescla referências orientais e ocidentais.
Durante as décadas de 1920 e 1930, nomes como Le Pho, Sanyu, Tsuguharu Foujita, Liu Kang e Georgette Chen buscaram em Paris novas possibilidades criativas. No entanto, enfrentaram preconceito e limitações impostas por um olhar eurocêntrico que os via apenas como representantes de uma estética exótica.
Redescoberta valoriza artistas asiáticos
Hoje, a boa notícia é que muitos desses artistas asiáticos são celebrados em leilões e exposições. Le Pho, por exemplo, foi alvo de críticas no passado, mas teve uma obra vendida por mais de R$ 13 milhões em 2023. Sanyu, o “Matisse chinês”, teve uma pintura arrematada por R$ 187 milhões em 2020. Ambos representam uma geração que, mesmo marginalizada, deixou um legado consistente.
Exposição resgata legado artístico da Ásia
A Galeria Nacional de Singapura inaugurou a mostra “Cidade dos Outros: Artistas Asiáticos em Paris, 1920–1940”, reunindo mais de 200 obras de autores que equilibraram tradições orientais com influências ocidentais. A curadoria destaca a visão desses artistas a partir de suas vivências, sem impor padrões europeus.
A exposição inclui autorretratos, paisagens e cenas urbanas que revelam uma Paris reinterpretada sob olhares asiáticos. Artistas asiáticos como Liu Kang e Georgette Chen ganharam espaço ao retratar experiências híbridas e técnicas refinadas que desafiam classificações rígidas.
Uma reparação histórica inspiradora
A valorização dos artistas asiáticos representa não apenas uma reparação simbólica, mas também uma ampliação significativa das narrativas da arte moderna. Além disso, sua redescoberta convida o mundo a rever padrões estéticos e históricos que, por muito tempo, privilegiaram apenas vozes ocidentais. Dessa forma, reconhecer o legado desses criadores é também abrir espaço para outras histórias que foram silenciadas.
Ao resgatar essas trajetórias, amplia-se o olhar sobre o modernismo e seus múltiplos caminhos. Suas histórias, marcadas por resiliência, criatividade e identidade híbrida, seguem inspirando novas gerações de artistas e pesquisadores em todo o mundo. Portanto, celebrar os artistas asiáticos é afirmar que a diversidade cultural não é apenas valiosa — ela é essencial para a construção de uma cena artística mais justa, plural e representativa.