Licença parental na Finlândia: novo modelo garante igualdade entre pais
O casal de químicos Flávia Gontijo, de 30 anos, e Pablo Carvalho, de 32 anos, sempre desejou ter filhos. Ao se mudarem para a Finlândia para o doutorado dela, encontraram um incentivo extra: a nova licença parental do país. Implementada em setembro de 2022, a política concede 160 dias úteis de afastamento remunerado para cada genitor, totalizando 320 dias, o equivalente a aproximadamente 14 meses de cuidado para a criança.
Como funciona a licença parental na Finlândia?
Cada um dos pais pode transferir até 63 dias ao outro, conforme as necessidades da família. Além disso, as mães têm direito a 40 dias adicionais de licença gestacional, destinados à recuperação do parto. O afastamento pode ocorrer até a criança completar dois anos, mediante acordo com o empregador.
No caso de Flávia e Pablo, a mãe usufruiu sete meses de licença, enquanto o pai optou por 18 dias úteis, o tempo mínimo permitido, acrescido de um mês de férias. Agora, com o retorno dela ao trabalho, ele utilizará os dias restantes para cuidar da filha do casal.
Licença parental e igualdade de gênero
A reforma na política de licença parental foi uma iniciativa do governo da então primeira-ministra Sanna Marin. Antes da mudança, as mães finlandesas tinham direito a 105 dias de licença após o parto, enquanto os pais recebiam 54 dias. Havia ainda a opção de 158 dias adicionais, que precisavam ser solicitados por um dos genitores ou divididos entre ambos.
Agora, o modelo promove um equilíbrio maior. Pais solteiros também têm direito aos 160 dias de afastamento. No caso de gêmeos, a família recebe mais 84 dias. O objetivo é garantir um compartilhamento mais justo das responsabilidades parentais.
Impactos da nova política
A aprovação da medida foi impulsionada por uma forte mobilização social e amplo apoio da população. Segundo a embaixadora Johanna Karanko, o processo foi facilitado pela tradição do país em apoiar políticas de bem-estar social.
No mercado de trabalho, empresas costumam contratar funcionários temporários para cobrir os afastamentos. O governo também disponibiliza materiais educativos para auxiliar os pais nos cuidados com a primeira infância.
Para Flávia, que já morou nos Estados Unidos e na Inglaterra, a Finlândia se destaca pelo suporte oferecido às famílias. “Nunca vi um país com tanta infraestrutura para ter filhos”, comenta.