Towana Looney, uma americana de 53 anos, tornou-se a única pessoa no mundo vivendo com um rim de porco geneticamente modificado. A cirurgia, realizada pelo NYU Langone Transplant Institute, nos Estados Unidos, marcou um avanço no campo dos xenotransplantes.
A trajetória de Towana até o transplante com o rim de porco
Towana Looney foi diagnosticada com insuficiência renal em 1999, após doar um rim para sua mãe. Durante a gravidez, complicações causaram a deterioração de sua função renal, levando-a a iniciar hemodiálise em 2016. Mesmo após entrar na lista de transplantes, ela enfrentou uma espera de oito anos sem encontrar um órgão compatível.
A situação mudou quando ela foi aprovada para receber um rim de porco geneticamente modificado, em um procedimento autorizado pela FDA para pacientes em risco de vida sem outras opções. O órgão começou a produzir urina imediatamente após o transplante, e Looney já relata uma melhoria significativa na qualidade de vida.
“Sinto como se tivesse recebido outra chance. Estou ansiosa para aproveitar minha família e netos”, afirmou.
Como funciona o xenotransplante?
O xenotransplante consiste no transplante de órgãos entre espécies diferentes, como o uso de órgãos de porco em humanos. No caso de Looney, o rim transplantado passou por dez modificações genéticas: três para reduzir a resposta imunológica do corpo humano e seis transgenes humanos para minimizar a rejeição e garantir o funcionamento adequado do órgão.
Avanços científicos desde o primeiro xenotransplante em 2021 possibilitaram esse progresso. O procedimento de Looney também envolveu a exclusão de um gene que poderia causar crescimento desproporcional do órgão, garantindo que o rim se adaptasse ao corpo humano.
Outras tentativas e desafios do transplante com rim de porco
Antes do caso bem-sucedido de Towana, outros pacientes também receberam rins de porco geneticamente modificados, mas os resultados não foram tão promissores. Desde 2021, pelo menos quatro pessoas passaram por xenotransplantes experimentais, mas enfrentaram complicações devido ao estado avançado de suas doenças.
Um médico brasileiro liderou um dos casos em 2023. O paciente, que já tinha saúde extremamente debilitada, recebeu um rim de porco como última alternativa de tratamento. Embora o órgão tenha funcionado por dois meses, o paciente não resistiu às complicações gerais de sua condição.
Impacto e futuro dos xenotransplantes
Looney não é a primeira paciente a receber um órgão de porco, mas é a única sobrevivente até o momento. Casos anteriores, realizados em pacientes em estágio terminal, mostraram resultados promissores, mas enfrentaram desafios como rejeição imunológica e complicações de saúde pré-existentes.
Especialistas destacam que este é um marco na medicina moderna. “Towana representa o ápice do progresso que fizemos no xenotransplante. É um farol de esperança para milhões que aguardam um transplante”, disse Robert Montgomery, médico responsável pelo procedimento.