Pesquisadores brasileiros descobriram que o uso do canabidiol (CBD) pode ser uma alternativa promissora no tratamento de jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Liderado por Jeanne Alves de Souza Mazza, neurologista infantojuvenil do Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB), o estudo trouxe à tona os efeitos positivos do canabidiol na redução de sintomas como irritabilidade, agressividade e dificuldades de comunicação.
Como o estudo foi realizado
A pesquisa, que será apresentada no Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil, envolveu 30 pacientes com idades entre 5 e 18 anos, todos diagnosticados com autismo de nível 2 ou 3. Os pesquisadores monitoraram e trataram os pacientes durante sete meses com o composto Nabix 10000, que contém 33 partes de CBD para 1 parte de tetraidrocanabinol (THC). Ao contrário de doses maiores usadas em tratamentos de epilepsia, os pesquisadores aplicaram doses menores, variando entre dois e três miligramas de canabidiol por quilo de massa corporal.
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Resultados promissores
Os resultados foram animadores: cerca de 70% dos pacientes apresentaram melhorias em comportamento, com destaque para a diminuição da agressividade e irritabilidade. Essa evolução facilitou o foco nas atividades escolares e terapêuticas. Além disso, 63% dos participantes demonstraram progresso em questões sensoriais, como a aceitação de sons, toques e alimentos, e 67% registraram uma melhoria notável na interação social.
Outro ponto de destaque foi a redução dos comportamentos repetitivos, comuns no autismo, como movimentos estereotipados das mãos e balançar o corpo. Em pacientes que também apresentavam TDAH, 60% relataram avanços na redução da hiperatividade e agitação.
Redução no uso de medicamentos
Um dos benefícios mais marcantes foi a diminuição do uso de outros medicamentos. O estudo revelou que 74% dos pacientes conseguiram reduzir ou até interromper o uso de pelo menos um medicamento convencional durante o tratamento com canabidiol.