Amor e paixão. Embora ambos estejam profundamente ligados às relações humanas, apresentam diferenças químicas e comportamentais que a ciência começa a desvendar. Sentimentos de afeto e conexão constroem e mantêm o amor, contrastando com a excitação intensa que caracteriza a paixão. Para entender melhor essa diferença, vamos explorar como neurotransmissores como dopamina, ocitocina e serotonina atuam em cada situação.
A dopamina e a intensa euforia da paixão
O aumento da dopamina, um neurotransmissor natural do sistema de recompensa, frequentemente associa-se à paixão. Esse componente químico ativa uma sensação de prazer e bem-estar, que pode levar à necessidade de mais contato com a pessoa amada. “Essas pessoas não conseguem dormir direito, estão geralmente muito exaltadas e jorram dopamina na circulação, o que aumenta a necessidade de recompensa”, explica Carmita Abdo, professora de psiquiatria na Universidade de São Paulo e fundadora do Prosex, um programa de estudos em sexualidade do Hospital das Clínicas.
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O efeito da dopamina torna a paixão um sentimento arrebatador, quase incontrolável. Pessoas apaixonadas experimentam uma euforia intensa, uma sensação constante de excitação, e costumam priorizar o objeto de sua paixão, o que leva a um foco desproporcional na relação. Esse “fogo” inicial, no entanto, tende a diminuir com o tempo.
A ocitocina e o vínculo duradouro do amor
Enquanto a paixão parece ter um prazo de validade, o amor, quando surge, passa a ser alimentado por outros neurotransmissores, como a ocitocina. Conhecida como a “substância do vínculo”, a ocitocina é liberada em momentos de contato íntimo, promovendo uma sensação de apego e confiança entre os parceiros. Segundo Abdo, a ocitocina é a mesma substância que se manifesta no corpo da mãe após o parto, levando-a a criar um vínculo profundo com o bebê.
Esse processo também ocorre nas relações amorosas, onde o contato e a convivência frequente liberam essa substância, fortalecendo o vínculo entre os parceiros. Sentimentos de afeto e conexão constroem e mantêm o amor, contrastando com a excitação intensa que caracteriza a paixão.
A calma da serotonina e o equilíbrio emocional
Com o passar do tempo, o amor também conta com a serotonina, um neurotransmissor que ajuda a regular o humor e proporcionar uma sensação de bem-estar. Assim, o que começou com a euforia da paixão se transforma em uma relação mais calma e equilibrada, marcada pela segurança e confiança.
Esses três neurotransmissores — dopamina, ocitocina e serotonina — ajudam a ilustrar as diferenças entre amor e paixão. Enquanto a paixão é um sentimento intenso e transitório, o amor oferece estabilidade e bem-estar, nutrindo as relações de forma mais profunda e duradoura.