O Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2024 foi concedido aos cientistas americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta do microRNA, uma peça-chave na regulação genética dos organismos multicelulares. Os pesquisadores desvendaram um novo princípio de regulação genética essencial para o desenvolvimento de tecidos e sistemas humanos.
Os cientistas dividirão o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 5 milhões), um reconhecimento do Instituto Karolinska da Suécia.
O que é o microRNA e sua importância para a vida multicelular
MicroRNA é uma molécula que desempenha um papel na regulação dos genes, direcionando como as células utilizam o código genético compartilhado em cada tecido do organismo. Embora o DNA seja idêntico em todas as células, os microRNAs controlam a expressão genética, permitindo que células de diferentes partes do corpo assumam funções diferentes.
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Esse mecanismo explica por que os tecidos possuem funções tão variadas, mesmo a partir do mesmo material genético. A falta de controle genético por microRNAs, segundo os cientistas, comprometeria o desenvolvimento de organismos complexos, tornando a evolução das espécies multicelulares improvável.
O impacto na saúde
Além de sua função para o desenvolvimento, alterações nos microRNAs também foram associadas a condições de saúde, incluindo câncer e problemas genéticos como a síndrome DICER1. Essa síndrome, por exemplo, gera tumores em diferentes tecidos devido a mutações que afetam a regulação dos microRNAs. A descoberta do microRNA pela dupla norte-americana é fundamental para entender essas disfunções, permitindo avanços em tratamentos e diagnósticos de doenças.
Vale lembrar que, enquanto os microRNAs regulam a expressão genética, o RNA mensageiro (mRNA) é responsável por transmitir instruções do DNA para a produção de proteínas. Cientistas usaram o mRNA como base para desenvolver vacinas contra a covid-19.