A equipe de arqueologia que trabalha nas obras da futura Linha 6-Laranja do Metrô, em São Paulo, fez uma descoberta importante. Fios de contas, conchas e uma imagem que pode representar a divindade Exu foram encontrados no local onde será a Estação 14 Bis-Saracura. De acordo com o movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai, os achados arqueológicos podem datar do final do século XIX.
Luciana Araújo, moradora do bairro do Bixiga e integrante do movimento, explicou que mais de 200 conchas marinhas e cachimbos de cerâmica e madeira estão entre os itens encontrados. Ela também destacou a descoberta de três bonecos de arame associados ao orixá Exu, além de um fio de contas, todos enterrados junto a elementos de ferro. Esses achados reforçam a possibilidade de que o local abrigava práticas religiosas de matriz africana.
“O que encontramos pode indicar a existência de um terreiro. É essencial preservar e estudar esses objetos para entender melhor nossa história”, afirmou Luciana. Ela ressaltou a importância de conciliar as obras do metrô com a preservação do patrimônio cultural, citando exemplos internacionais onde essa compatibilidade foi possível.
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Mobilização pela preservação
O movimento Mobiliza Saracura Vai-Vai defende que as descobertas arqueológicas reforçam a necessidade de preservação da área. Segundo Luciana, existem leis que garantem a proteção do patrimônio material e imaterial, especialmente em locais historicamente relevantes, como o Bixiga, que abrigou um quilombo.
Ela enfatizou que, apesar dos desafios, é possível adequar o projeto da estação sem interromper as obras. “O projeto já recebeu mais de R$ 100 milhões além do valor original. O que falta é um compromisso maior com a preservação”, pontuou. Para ela, se os estudos prévios não tivessem sido negligenciados, o andamento da construção do metrô não estaria ameaçado, nem a preservação dos achados históricos.
A importância dos achados arqueológicos
A equipe de arqueologia identificou o sítio arqueológico em junho de 2022, no antigo terreno da escola de samba Vai-Vai. Desde então, várias evidências sugerem que o local pode ter sido um importante centro religioso afro-brasileiro antes da urbanização.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) confirmou que os artefatos estão sendo estudados para correta identificação e preservação. “O Instituto está comprometido em compatibilizar as obras do metrô com a preservação do patrimônio cultural brasileiro”, afirmou em nota.
Esses achados representam mais do que simples objetos históricos. Eles trazem à tona memórias de populações que ajudaram a formar a história do Brasil. Cada item encontrado contribui para um entendimento mais profundo das raízes culturais e da urbanização da cidade de São Paulo.