O programa Parto Adequado entra no seu quinto ano com a marca de 13,7% de redução no número de cesáreas. A iniciativa, criada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar do governo federal, visa mudar a realidade sobre o tema no Brasil. Em contraste, nos hospitais que não aderiram ao programa, esse número foi de 3,4%. Os dados estão em artigo científico da USP publicado nesta quarta-feira (18) na revista “Cadernos de Saúde Pública”.
Atualmente, o Brasil é o segundo país do mundo em número de cesáreas. A posição no ranking é um problema de saúde pública, dado os benefícios para mãe, bebê e para o estado, em estimular o parto normal. Apesar de avanços, a taxa ainda está muito acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 10% a 15%. Segundo dados do governo, em 2022, a taxa do país fechou em 84,0%.
A cesariana é um procedimento cirúrgico fundamental em casos de complicações durante a gravidez ou parto. No entanto, no Brasil, muitas cesáreas são realizadas sem indicação médica, representando um risco tanto para a mãe quanto para o bebê.
Por que o Brasil faz tantas cesárias?
Tudo indica que a busca por maior segurança e previsibilidade, aliada à remuneração mais alta por cesáreas, pode influenciar a decisão de alguns médicos. Além disso, existe uma cultura do medo envolvendo o parto normal. Muitas vezes alimentada por informações imprecisas, isso reflete na decisão das mulheres ao optarem pela cesárea.
Por isso, um dos pilares do programa Parto Adequado é justamente trabalhar no acesso a informações claras e precisas sobre as vantagens do parto normal e os riscos da cesárea. Ainda em relação à informação, o programa aponta também os riscos da cesária. Segundo dados do programa, para o bebê os pontos negativos são, maior chance de problemas respiratórios, alergias e obesidade infantil. Já para as mães, existe o maior risco de infecções, hemorragias, trombose e complicações em futuras gestações.
A estrutura
Por fim, a capacitação de profissionais de saúde para oferecer um atendimento humanizado e baseado em evidências é essencial para trazer segurança as mães. Nesse sentido, a falta de estrutura adequada em muitos hospitais, como a ausência de analgesia eficaz, também contribui para o aumento das cesáreas.
Já para o estado, diminuir o número de cesáreas pode significar uma boa economia. Afinal, o procedimento é mais caro do que o parto normal, gerando um grande impacto nas finanças públicas.