Nos últimos anos, a agenda ESG (ambiental, social e de governança) tem ganhado destaque nas áreas de finanças das grandes corporações. Nesse cenário, o papel dos Chief Financial Officers (CFOs) se torna crucial na implementação e gerenciamento dessas práticas. Um estudo recente conduzido pelo Insper, em parceria com a consultoria Assetz, lança luz sobre a evolução do perfil dos CFOs no Brasil e seu engajamento com a agenda ESG.
A implementação das políticas ESG pelos CFOs
De acordo com a pesquisa “O perfil do CFO no Brasil 2024”, 92% dos CFOs relatam a implementação de políticas ESG robustas em suas empresas. O pilar ambiental desponta como o mais relevante, sendo priorizado por 39% das companhias. Logo atrás, 31% das organizações elegem o pilar social, com foco em responsabilidade social, enquanto 30% das empresas destacam a governança corporativa como prioridade.
No contexto específico da área financeira, a governança emerge como a principal preocupação para 76% dos CFOs. O maior desafio identificado é a necessidade de desenvolver uma equipe financeira com visão sistêmica e conhecimento multidisciplinar, capacitada para integrar e gerenciar as práticas ESG.
A presença feminina e a integração de finanças com tecnologia
Outro dado revelador do estudo é o aumento da presença feminina entre os CFOs, que passou de 13% para 18% em 2024. Além disso, o levantamento mostra que as mulheres são mais frequentemente promovidas internamente (53%) em comparação com os homens (37%).
A pesquisa também destaca uma crescente integração entre as áreas de finanças e tecnologia. Após a área de compras, TI é o departamento com o qual os CFOs mais interagem. Além disso, 89% dos CFOs alegam acumular múltiplas funções, um índice maior em comparação com empresas estrangeiras, onde esse percentual é de 57%.
CFOs e a adaptação ao home office
No cenário pós-pandemia, o estudo revelou que os CFOs continuam a trabalhar presencialmente com mais frequência do que suas equipes. Em média, os CFOs estão presentes na empresa quatro dias por semana, enquanto suas equipes marcam presença em 3,5 dias. Nas empresas brasileiras, 67% dos CFOs vão ao escritório cinco dias por semana, contrastando com apenas 25% de suas equipes.
Perfil e desafios dos CFOs brasileiros
A amostra da pesquisa incluiu 95 CFOs de grandes empresas brasileiras, todas com receita superior a R$ 1 bilhão em 2022. A indústria lidera a representatividade com 24% dos respondentes, seguida pelos setores de serviços (15%), infraestrutura, energia e construção (14%), varejo e atacado (13%), e agronegócio (13%).
ESG como prioridade para os próximos anos
Um estudo paralelo da Accenture apontou que 90% dos CFOs consideram as políticas ESG como prioridade para os próximos cinco anos. Essa tendência reflete a pressão crescente de stakeholders diversos, incluindo investidores, reguladores e a própria sociedade, para que as empresas integrem práticas sustentáveis em suas operações financeiras.
O estudo da Accenture também identificou nove capacidades essenciais para o desenvolvimento de fortes capacidades de medição e gestão ESG nas empresas, que incluem desde a coleta e qualidade de dados ESG até a integração de KPIs não financeiros e o uso de tecnologia analítica avançada.
