O Índice de Progresso Social (IPS) Brasil 2024, divulgado recentemente, coloca Eusébio, Juazeiro do Norte e Fortaleza como as cidades do Ceará com os melhores indicadores de qualidade de vida. O levantamento analisou municípios de todo o país, destacando os principais desafios sociais enfrentados por cada localidade.
Eusébio, município da Região Metropolitana de Fortaleza, lidera o ranking com uma nota de 64,79. Juazeiro do Norte, localizada na Região do Cariri, segue em segundo lugar com 64,58, enquanto Fortaleza ocupa a terceira posição com 64,42. Sendo assim, os resultados refletem as três principais áreas avaliadas pelo IPS: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades.
Metodologia e Indicadores
O IPS é calculado com base em 53 indicadores, que estão distribuídos entre as dimensões de Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. A primeira dimensão inclui fatores como alimentação, saneamento e segurança. A segunda abrange saúde e acesso ao conhecimento básico, enquanto a terceira avalia aspectos como o acesso à Educação Superior e direitos individuais.
Os dados são obtidos a partir de fontes confiáveis, como o Ministério da Saúde e o IBGE, e as pontuações variam de 0 (pior) a 100 (melhor). Contudo, o Ceará, como um todo, alcançou uma média de 59,71 no IPS 2024, posicionando-se como o terceiro melhor estado do Nordeste, atrás de Sergipe (61,20) e Paraíba (60,11).
Classificação das Cidades do Ceará
- Eusébio: 64,79
- Juazeiro do Norte: 64,58
- Fortaleza: 64,42
- Crato: 62,86
- Sobral: 62,51
- Altaneira: 62,47
- Granjeiro: 62,01
- Pacujá: 61,49
- Brejo Santo: 61,24
- Iguatu: 61,1
- Nova Olinda: 60,95
- Icó: 60,72
Alesandra Benevides, coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza da UFC em Sobral, destaca que o Brasil ainda enfrenta grandes desafios sociais quando comparado a países vizinhos, como a Argentina. Em termos regionais, ela observa que os resultados para o Ceará não são particularmente encorajadores, com Fortaleza ocupando apenas a 18ª posição entre as capitais brasileiras.
“Um PIB alto não garante uma boa qualidade de vida”, afirma Alesandra.
No entanto, o geógrafo Alexandre Queiroz Pereira, membro da Rede Observatório das Metrópoles, acrescenta que o IPS é uma ferramenta valiosa para monitorar o impacto das políticas públicas.
“Os dados fornecem uma base para avaliar se as políticas governamentais estão realmente melhorando as condições de vida da população. Isso permite ajustes e reavaliações necessárias ao longo do tempo”, explica.
Desafios
Alexandre Queiroz não se surpreende com o fato de Fortaleza não liderar o ranking estadual. Entretanto, ele atribui essa posição às desigualdades sociais que prevalecem na capital cearense.
“As desigualdades em Fortaleza, especialmente em termos de renda e oportunidades, impactam negativamente nos índices de qualidade de vida”, observa.
Por outro lado, Eusébio tem atraído a classe média do Ceará, especialmente por oferecer uma qualidade de vida superior e um ambiente social mais homogêneo.
“Esse movimento tem contribuído para o aumento nos índices de qualidade de vida de Eusébio”, analisa Alexandre.
Juazeiro do Norte, por sua vez, é uma cidade que se destaca pelo acesso à educação, sendo um dos principais centros educacionais do Nordeste.
“A cidade tem mostrado um crescimento urbano, impulsionado pelo fortalecimento das atividades educacionais”, completa Alexandre.
Desafios nas cidades menores
Embora o Ceará não tenha municípios classificados na pior faixa do IPS, quatro cidades estão entre as piores avaliações do estado: Aratuba (47,67), Alto Santo (49), Choró (49,3) e Trairi (49,32).
“Essas cidades enfrentam desafios consideráveis, principalmente em termos de infraestrutura básica e desenvolvimento econômico”, comenta Alexandre.
O IPS Brasil 2024
O IPS Brasil 2024 é um estudo pioneiro que avalia a qualidade de vida e o desempenho socioambiental dos 5.570 municípios brasileiros. Desenvolvido para ser uma ferramenta de gestão territorial, o índice fornece uma visão detalhada sobre as condições de vida em cada município, considerando desde as necessidades básicas até o acesso a oportunidades de desenvolvimento pessoal e social.