Um estudo cheio de inovação e tecnologia tem oferecido ajuda no tratamento a pacientes com Parkinson. A doutoranda em Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Luanne Cardoso Mendes, criou um inovador jogo digital chamado RehaBEElitation. Desenvolvido em colaboração com a Université de Lorraine, na França, o RehaBEElitation se destaca por integrar tecnologia e jogos na abordagem terapêutica para a doença de Parkinson, uma condição caracterizada por tremores e dificuldades motoras.
Como o jogo ajuda no tratamento
O RehaBEElitation é um jogo terapêutico onde os pacientes controlam os movimentos de uma abelha utilizando uma luva equipada com sensores táteis. O objetivo é realizar atividades como polinizar flores, alimentar larvas e coletar néctar, tarefas que são alinhadas com os movimentos avaliados pela Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS). Esse design é intencionalmente desenvolvido para refletir os movimentos necessários na avaliação clínica, como abrir e fechar as mãos, além de flexionar e estender os dedos.
O jogo utiliza um sensor inercial para captar os sinais de tremores durante a interação do usuário e armazena esses dados em um banco de dados. Os profissionais de saúde podem então analisar essas informações para ajustar o tratamento de cada paciente, permitindo diagnósticos mais precisos e ajustes de medicação conforme necessário.
Desenvolvimento do Jogo
O desenvolvimento do RehaBEElitation começou durante o doutorado de Luanne, que inicialmente considerou criar um jogo voltado para pacientes com Alzheimer. No entanto, a ideia evoluiu para um projeto que combina inteligência artificial com terapias motoras para Parkinson. Um dos maiores desafios enfrentados foi garantir que o jogo tivesse validade clínica, ou seja, que realmente contribuísse para a melhoria dos sintomas da doença através dos movimentos realizados durante o jogo.
Para superar esses desafios, foi fundamental integrar os movimentos da UPDRS no design do jogo. A equipe responsável pelo desenvolvimento incluiu especialistas em várias áreas, como biomédicos e engenheiros, para garantir tanto a funcionalidade clínica quanto o apelo visual do jogo.
Equipe Multidisciplinar
O projeto RehaBEElitation contou com uma equipe multidisciplinar, essencial para seu desenvolvimento. Além de Luanne Cardoso Mendes, o time incluiu cientistas da computação, biomédicos, engenheiros, fisioterapeutas, educadores físicos e médicos. Essa colaboração foi crucial para assegurar que o jogo atendesse às necessidades clínicas dos pacientes com Parkinson e fosse atraente para os usuários. A participação de pessoas com Parkinson também foi fundamental para garantir a adequação do jogo às suas necessidades específicas.
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Resultados do Jogo
Os resultados iniciais do RehaBEElitation mostram que o jogo tem melhorado significativamente a usabilidade e a acessibilidade para os pacientes com Parkinson. O jogo possibilita a avaliação de sintomas como bradicinesia (lentidão nos movimentos), tremor e rigidez. Essas avaliações ajudam a ajustar a medicação e a reabilitação dos pacientes. Além disso, o jogo proporciona exercícios que ajudam a aliviar os sintomas, oferecendo uma alternativa motivadora e interativa às abordagens clínicas tradicionais.
Após feedbacks positivos dos pacientes, os próximos passos incluem a expansão do uso do RehaBEElitation para novos pacientes e a investigação de sua eficácia na reabilitação dos membros inferiores. Esses estudos visam explorar mais a fundo o potencial do jogo como ferramenta de reabilitação integral.