O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), lançou a primeira edição do relatório Signals Spotlight no ano passado. Na última segunda-feira (22), o Rio de Janeiro sediou o lançamento da segunda edição, um evento que fez parte da programação paralela da Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20.
Rede de coleta e análise do PNUD
O relatório Signals Spotlight é fruto de uma extensa rede de coleta e análise, composta por mais de 300 funcionários do PNUD em todo o mundo. Esses profissionais monitoram continuamente tendências emergentes relacionadas ao desenvolvimento e buscam soluções inteligentes para desafios globais de longo prazo, alinhando-se à Agenda 2030 e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), adotados por 193 estados-membros da ONU na Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável de 2015.
Principais tópicos da nova edição
A nova edição do relatório, disponível online, foca em três tópicos centrais: justiça entre espécies, uso responsável da tecnologia e comunidades conectadas e resilientes. O relatório antecipa discussões sobre equidade intergeracional, tema que ganhará destaque na Cúpula do Futuro da ONU, marcada para setembro. O relatório está disponível aqui.
- Oportunidades de justiça entre espécies: O primeiro capítulo, “Oportunidades de justiça entre as espécies, nas geografias e no tempo”, explora a necessidade de um futuro equitativo, onde gerações atuais e futuras possam prosperar. Governos estão começando a adotar legislações para os direitos da natureza e das gerações futuras, refletindo um interesse crescente em modelos econômicos mais justos. Este capítulo aborda também a justiça ambiental, os direitos dos animais e a reconexão do crescimento econômico com o desenvolvimento sustentável.
- Progresso tecnológico responsável: O segundo capítulo, “Esperança de um progresso tecnológico responsável”, destaca o impacto das rápidas inovações tecnológicas, desde a inteligência artificial até a biotecnologia e a exploração espacial. O capítulo ressalta a importância da cooperação multilateral e da governança responsável para garantir que os benefícios dessas tecnologias sejam distribuídos equitativamente.
- Comunidades resilientes e conectadas: O terceiro capítulo, “Esperança para comunidades resilientes e conectadas”, examina as ameaças às comunidades fortes, incluindo conflitos, desastres, desinformação digital e isolamento social. O relatório encontra sinais de esperança em investimentos nas conexões sociais e intergeracionais, além de avanços na igualdade de gênero, embora mais lentos do que o desejado.
Leia também:
Sinais positivos e mudanças necessárias
Entre os sinais positivos apontados pelo relatório, está o crescente reconhecimento da necessidade de alternativas aos modelos econômicos atuais. Também são notadas iniciativas para criar órgãos públicos que superem o imediatismo dos ciclos eleitorais, adotando uma visão de longo prazo. Outra tendência observada é a inclusão dos direitos da natureza em constituições, leis e até conselhos corporativos.
Além disso, o relatório destaca avanços na inteligência artificial, na cooperação multilateral para exploração espacial e no fornecimento de energia elétrica limpa. Há também indicadores de maior engajamento político e participação democrática.
Declarações e contexto do evento
Marcos Athias Neto, representante do PNUD, enfatizou a importância da esperança para o desenvolvimento e progresso das humanidades. “A esperança num futuro melhor impulsionou historicamente o desenvolvimento e o progresso das humanidades. Se não houvesse esperança, não estaríamos onde estamos agora”, afirmou Neto.
O lançamento do relatório no Rio de Janeiro também sublinhou o papel do G20 como um fórum global de diálogo e coordenação em temas econômicos, sociais, de desenvolvimento e cooperação internacional. O grupo reúne as 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, mais recentemente, da União Africana.
Brasil na presidência do G20
Desde dezembro do ano passado, o Brasil assumiu a presidência do G20, sucedendo a Índia. É a primeira vez que o Brasil ocupa essa posição desde que o G20 foi estabelecido em 2008. No final deste ano, o Rio de Janeiro será o palco da Cúpula do G20, quando a presidência será transferida para a África do Sul. Até lá, a cidade sediará diversos eventos preparatórios, incluindo a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20 desta semana.