Morto no último domingo (14), aos 87 anos, devido a complicações de um enfisema pulmonar, o jornalista Sérgio Cabral Santos, conhecido simplesmente como Sérgio Cabral, deixou um legado marcante. Internado por vários meses na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral teve o corpo cremado ontem (15) no Cemitério Memorial do Carmo, localizado no Caju, zona portuária da capital fluminense. Ele era pai do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Legado jornalístico e literário de Sérgio Cabral
Nascido em 1937 na zona norte do Rio de Janeiro, Cabral iniciou sua carreira como repórter do Diário da Noite. Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim e escreveu biografias de importantes figuras da música brasileira. Sua obra mais conhecida, “As Escolas de Samba do Rio de Janeiro”, publicada em 1974 e relançada em 1996, é considerada a bíblia do carnaval carioca. Cabral também atuou como compositor e produtor musical, contribuindo para a cultura do samba.
Contribuições para a cultura popular brasileira
Marquinhos de Oswaldo Cruz, cantor, compositor e um dos idealizadores da Feira das Yabás, destacou a importância de Sérgio Cabral na promoção da cultura do samba e do subúrbio carioca. Marquinhos relembra emocionado a dedicação de Cabral em valorizar figuras importantes, mas muitas vezes esquecidas, da cultura popular.
Ricardo Cravo Albin, musicólogo e historiador, também lamentou a perda de Sérgio Cabral, destacando seu papel fundamental na historiografia da música popular brasileira. Cabral foi pioneiro em entrevistar grandes nomes da música no MIS, o que se tornou uma das características principais do museu. “Sérgio Cabral representou a elegância de confirmar valores permanentes. Sua dedicação às coisas duradouras encantava aqueles que o conheciam”, disse Cravo Albin.
Sassaricando e a paixão pelo samba
Pedro Paulo Malta, produtor cultural e coordenador de Promoção Cultural do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, trabalhou com Sérgio Cabral na peça “Sassaricando”. Ele descreveu a convivência com Cabral como um privilégio, destacando sua paixão pelo samba e sua habilidade de contar histórias sobre figuras importantes da música popular brasileira. “Sérgio Cabral conheceu e conviveu com lendas como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, e Cartola. Sua obra permanece viva e relevante”, afirmou Malta.
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Reconhecimento das escolas de samba
A Escola de Samba Império Serrano e outras agremiações também homenagearam Sérgio Cabral. Em uma mensagem no Twitter, o Império Serrano exaltou a contribuição de Cabral na cobertura das escolas de samba e na promoção da música popular brasileira. A Portela, escola de coração de Cabral, lamentou profundamente sua perda, destacando sua obra “As Escolas de Samba do Rio de Janeiro” como um marco no carnaval carioca.
Homenagens e reconhecimentos
Políticos como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ) prestaram homenagens a Sérgio Cabral, reconhecendo sua contribuição para a cultura brasileira. Feghali ressaltou a importância de Cabral como divulgador da cultura carioca, enquanto Alencar lembrou de sua paixão pelo futebol e pela música popular brasileira.