A poetisa mineira Adélia Prado, conhecida por sua obra que reflete a vida cotidiana com sensibilidade única, recebeu o Prêmio Camões, a mais importante distinção literária da língua portuguesa. O anúncio, feito na última quarta-feira (26), celebrou a trajetória de uma autora que começou a escrever aos 40 anos.
A obra de Adélia Prado utiliza da simplicidade e delicadeza para capturar a essência do cotidiano, da família, da sexualidade, e da fé. Seus poemas revelam um olhar feminino profundo e introspectivo, fluindo com a calma característica do interior de Minas Gerais. Mesmo aos 88 anos, Adélia continua a encantar seus leitores, preparando o lançamento de um novo livro de poesias ainda este ano.
Dupla comemoração para Adélia Prado
Além do Prêmio Camões, a Academia Brasileira de Letras também honrou Adélia Prado com o Prêmio Machado de Assis, apenas seis dias antes, em 20 de junho de 2024. Essa dupla conquista destaca a relevância de sua obra no cenário literário contemporâneo e reafirma sua posição como uma das vozes mais importantes da literatura brasileira.
Após uma década sem publicar, Adélia Prado está prestes a lançar um novo livro, intitulado “Jardim das Oliveiras”. Este livro, que reflete experiências difíceis vividas pela autora, promete trazer a mesma alegria e verdade presentes em suas obras anteriores. Adélia acredita que a poesia verdadeira sempre contém um elemento de alegria, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.
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Legado e influência
Adélia Prado é a terceira brasileira a receber o Prêmio Camões, seguindo os passos de Rachel de Queiroz e Lygia Fagundes Telles. Sua contribuição à literatura não apenas amplia o reconhecimento das escritoras brasileiras, mas também reconfigura o cenário literário, abrindo espaço para novas vozes e perspectivas.
Residente de Divinópolis, Minas Gerais, Prado começou sua carreira literária tardiamente. Foi Carlos Drummond de Andrade, renomado poeta brasileiro, quem inicialmente reconheceu seu talento, enviando seus poemas para uma editora. Isso marcou o início de uma carreira literária que agora é celebrada com um dos maiores prêmios do mundo literário.
A cerimônia de premiação, realizada virtualmente, contou com a participação de um júri diversificado, composto por escritores e professores de Brasil, Moçambique e Portugal. O prêmio de 100 mil euros, concedido pelos governos português e brasileiro, é um reconhecimento não apenas da qualidade literária de Adélia Prado, mas também de sua originalidade e impacto cultural.
Principais obras da poetisa:
- Bagagem, Imago, 1976
- O coração disparado, Nova Fronteira, 1978
- Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira, 1981
- O pelicano, Guanabara, 1987
- A faca no peito, Rocco, 1988
- Oráculos de maio, Siciliano, 1999
- Louvação para uma cor
- A duração do dia, Record, 2010
- Miserere, Record, 2013