Na noite da última sexta-feira (14/6), a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia realizou-se no Petit Trianon, sede da instituição no Centro do Rio de Janeiro. Lilia é, atualmente, a 11ª mulher a ser agraciada com o título de imortal da ABL. Com isso, ela ocupa a Cadeira 9, anteriormente pertencente ao historiador Alberto da Costa e Silva, falecido em novembro de 2023.
A eleição de Lilia Schwarcz, ocorrida em março deste ano com 24 dos 38 votos possíveis, marca um importante avanço no protagonismo feminino dentro da ABL. De tal maneira, dos 40 membros que compõem a instituição, apenas cinco são mulheres: Schwarcz, Fernanda Montenegro, Rosiska Darcy de Oliveira, Ana Maria Machado e Heloisa Teixeira.
Contribuições acadêmicas e profissionais de Lilia Schwarcz
Lilia Schwarcz, de 66 anos, é professora sênior do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e visiting professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Seu trabalho acadêmico é focado nas estruturas raciais, escravidão e período imperial brasileiro. Ao longo de sua carreira, Lilia publicou mais de 30 livros. Destacam-se obras como “As Barbas do Imperador”, “O Sol do Brasil” e “Brasil: uma biografia”, que lhe renderam diversos prêmios, incluindo o Prêmio Jabuti.
A cerimônia de posse contou com a presença de importantes figuras públicas. A ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, estiveram presentes. Durante seu discurso, Lilia Schwarcz homenageou seu antecessor, Alberto da Costa e Silva. Ela destacou a importância de seu legado na luta por direitos básicos e justiça social.
Além disso, Lilia Schwarcz é reconhecida não apenas por suas contribuições acadêmicas, mas também por sua atuação na defesa da igualdade de gênero e raça. Em suas palavras, ela ressaltou a necessidade de uma maior representatividade feminina na ABL e na sociedade como um todo. Além disso, cumpre um papel no meio digital, protagonizando entrevistas, canais no YouTube e livros em co-autoria. Nesse sentido, “A bailarina da morte: a gripe espanhola no Brasil”, lançado em parceria com a historiadora Heloísa Starling no meio da pandemia de COVID-19, pode ser considerado como um elo da pesquisadora com as questões contemporâneas.
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Homenagem e continuidade
No discurso de posse, Lilia se emocionou ao homenagear Alberto da Costa e Silva, referindo-se a ele como um mentor e figura paterna. “Foi Alberto da Costa e Silva quem me levou pela mão para muitos lugares e, de certa maneira, para essa Cadeira. Seu legado é a boa diplomacia feita do diálogo e da luta intransigente ao lado de populações que ficaram séculos sem direitos básicos: educação, saúde, segurança e memória”, disse.