O Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF) aprovou uma concessão de US$ 800 mil, cerca de R$ 4,2 milhões, para a criação do Museu das Amazônias no estado do Pará. O anúncio foi feito na última terça-feira (11) e marca o início de um projeto que será um dos legados da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em Belém em novembro de 2025.
Uma obra pela Amazônia: iniciativa e parcerias
A iniciativa para a criação do museu conta com suporte técnico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância do projeto durante uma cerimônia na sede do banco no Rio de Janeiro. “O Museu das Amazônias será um equipamento de difusão científica e cultural, dando voz aos habitantes e comunidades da região de maneira duradoura e construtiva, além de fomentar um novo polo turístico”, afirmou Mercadante.
O evento contou com a participação virtual do governador do Pará, Helder Barbalho, que ressaltou o papel educativo e pedagógico do museu na construção de uma Amazônia mais sustentável e justa. Barbalho enfatizou a relevância do projeto para o estado e para a região Pan-Amazônica.
Recursos e implementação
Os recursos do CAF serão destinados à elaboração dos projetos executivos necessários para a construção do museu, com foco na qualidade técnica e sustentabilidade. O presidente-executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados, explicou que o museu será um espaço para informação e capacitação sobre a complexidade e riqueza da Amazônia. Dessa forma, as autoridades irão instalar o museu em um dos galpões do Porto de Belém, com previsão de entrega em outubro de 2025, um mês antes da COP 30. A cerimônia de lançamento da pedra fundamental está marcada para 8 de julho de 2024, com a presença de autoridades locais e internacionais.
Plano museológico e programas educativos
A cooperação internacional inclui programas de investigação, inovação, desenvolvimento tecnológico e conhecimentos tradicionais locais e ancestrais. Além disso, está previsto um plano museológico e programas de capacitação para docentes, educadores e pesquisadores. As autoridades promoverão redes colaborativas entre atores-chave para facilitar o intercâmbio de experiências e a adoção de práticas educacionais e científico-culturais relacionadas à Amazônia.
O Museu das Amazônias será um espaço plural, abrangendo povos de territórios como Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Será um museu vivo, dedicado à geração e aplicação do conhecimento científico, inovação e desenvolvimento tecnológico, sempre comprometido com a sustentabilidade socioambiental e econômica e a diversidade biológica e cultural.
O museu se estruturará em quatro eixos temáticos:
- Amazônia milenar: foco na sabedoria e cosmogonia ancestral, promovendo o fortalecimento dos povos indígenas.
- Amazônia secular: destaque para os povos ribeirinhos, quilombolas, extrativistas, seringueiros, pescadores e outros grupos que ocupam a região há séculos.
- Amazônia degradada: abordagem sobre a degradação ambiental e seus impactos.
- Amazônias possíveis: debate sobre futuros possíveis e caminhos para a sustentabilidade da região.
Esses eixos estão alinhados com as políticas em vigor nos países amazônicos. Além disso, se afinam com o Plano de Ação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).