Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) demonstraram que a ingestão de uma unidade diária de castanha-do-Pará pode repor a deficiência de selênio em idosos com comprometimento cognitivo leve. Esse estudo revelou melhorias em funções cognitivas, como fluência verbal e práxis construtiva. Estas funções são fundamentais para a execução motora, compreensão da linguagem e conhecimento numérico.
Selênio: o guardião dos neurônios
O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo, Edson Issamu, explica que a falta de selênio está relacionada ao declínio cognitivo, à redução da fluência verbal e a alterações de humor. O selênio é necessário para a fabricação da enzima glutationa peroxidase, que combate os radicais livres, protegendo os neurônios de danos. A ausência de radicais livres reduz o risco de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson.
Bárbara Rita Cardoso, nutricionista da Universidade Monash, na Austrália, ressalta que o Alzheimer é multifatorial, mas os radicais livres e a inflamação desempenham papéis importantes. As ações antioxidantes e anti-inflamatórias do selênio são mecanismos de proteção contra essas doenças. Além disso, o selênio fortalece o sistema imunológico, preserva ossos e articulações e é essencial para a tireoide.
Uma castanha ao dia é suficiente
A nutricionista Vanderlí Machiori, de São Paulo, concorda que uma castanha-do-Pará por dia, ou de duas a três em dias alternados, é suficiente para obter todos os benefícios. Esta oleaginosa é rica em selênio, com uma unidade fornecendo entre 200 a 400 microgramas, superando a recomendação diária de 55 microgramas para adultos.
Apesar dos benefícios, é importante não exagerar no consumo de castanha-do-Pará. Edson Issamu alerta que ingestão excessiva de selênio, acima de 800 microgramas, pode causar dores de cabeça, náuseas, vômitos, queda de cabelo e enfraquecimento das unhas. Consumo exagerado também está ligado ao diabetes.
Além disso, a castanha-do-Pará é calórica e pode contribuir para o ganho de peso. A única contraindicação é para alérgicos a castanhas e nozes, cerca de 1% da população.
Selênio no solo
O conteúdo de selênio na castanha-do-Pará varia conforme a região. Atualmente, o solo mais rico é o de Rio Branco, no Acre. Este mineral, combinado com a vitamina E presente na castanha, combate o envelhecimento precoce e melhora a saúde da pele, desacelerando a formação de rugas.
Saúde do coração e outros benefícios
A castanha-do-Pará é benéfica para o coração, contendo gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, que evitam o acúmulo de colesterol ruim nos vasos. Também é rica em zinco, essencial para o sistema imunológico, a fabricação de hormônios e a cicatrização de feridas. O magnésio presente na castanha mantém ossos saudáveis e fornece energia, enquanto o cobre auxilia na memória e clareza mental.
Uma dica de consumo
Uma sugestão prática é criar um mix de oleaginosas, incluindo uma castanha-do-Pará e outros tipos, como amendoim, amêndoas e nozes. Além disso, a porção ideal é de 30 a 40 gramas por dia. Portanto, na hora de escolher, preste atenção à aparência: pintinhas brancas indicam fungos e cor amarela intensa e sabor amargo sinalizam oxidação. Por fim, prefira pacotes fechados a vácuo e armazene em recipientes de vidro ou aço inoxidável na geladeira para maior durabilidade.