Um estudo recente publicado na revista científica Neurology sugere que o consumo de café pode exercer um efeito protetor contra a doença de Parkinson. A pesquisa analisou dados de 184.024 indivíduos de seis países diferentes — Suécia, Reino Unido, Holanda, Alemanha, Espanha e Itália — e fez parte de um estudo maior chamado EPIC, que explora a relação entre nutrição e doenças não transmissíveis.
Os participantes, que fizeram parte da coorte EPIC4PD, foram acompanhados por cerca de 13 anos. Os casos com potencial de desenvolver Parkinson foram identificados por meio de registros médicos e validados por especialistas. Os pesquisadores dividiram o estudo em duas partes: um estudo com a coorte EPIC4PD e um estudo de caso-controle, no qual para cada caso de Parkinson identificado, uma pessoa que não desenvolveu a doença foi selecionada como controle.
Os hábitos alimentares e estilo de vida dos participantes foram avaliados por meio de um questionário. Nele, os participantes relataram o número de xícaras de café consumidas por mês, semana ou dia. O consumo diário de café foi medido em mililitros, utilizando os tamanhos típicos de xícaras de cada país envolvido no estudo. Além disso, os participantes preencheram questionários sobre estilo de vida, incluindo tabagismo, consumo de álcool, nível de escolaridade e atividade física.
Os pesquisadores também realizaram uma análise aprofundada dos níveis de metabólitos primários da cafeína, como paraxantina e teofilina, no sangue dos participantes. Esses metabólitos são substâncias produzidas quando o corpo metaboliza a cafeína.
Resultados do estudo
Entre os participantes, 308 homens e 285 mulheres foram diagnosticados com Parkinson. De acordo com os pesquisadores, aqueles que tinham um maior consumo de café apresentaram um risco quase 40% menor de desenvolver Parkinson em comparação com aqueles que não consumiam.
Apesar dos achados, os pesquisadores destacam que o estudo é observacional, o que significa que ele demonstra apenas uma associação, e não uma relação de causa e efeito. “Em resumo, nosso estudo validou o efeito protetor da cafeína no risco de Parkinson em uma grande coorte prospectiva e confirmou ainda o papel etiológico da cafeína usando bioamostras antes do diagnóstico de Parkinson em uma estrutura expossômica não direcionada. Nossas descobertas sobre a ação protetora da cafeína e seus principais metabólitos fornecem informações sobre a etiologia e prevenção da DP,” afirmaram os autores do estudo.
O Parkinson é uma condição degenerativa e progressiva, caracterizada pela diminuição da velocidade dos movimentos, tremores involuntários e rigidez muscular. Manter uma alimentação equilibrada e saudável é uma das formas de prevenção da doença. Agora, com as novas evidências, beber café também pode ser considerado um hábito benéfico para reduzir o risco de desenvolver esta doença neurodegenerativa.