Um fóssil pré-cambriano, com mais de 540 milhões de anos, foi descoberto em Januária, Minas Gerais. Essa descoberta é a primeira do seu tipo em todo o mundo. O fóssil inédito, de uma cianobactéria denominada Ghoshia januarensis, abre novos caminhos para compreender a evolução da vida na Terra. O estudo foi liderado pelo geólogo Matheus Denezine, da Universidade de Brasília (UnB), que ressaltou a importância desse achado para a ciência.
A pesquisa, financiada por diversas instituições, incluindo a Petrobras, e publicada na revista científica de Cambridge, contou com a colaboração de especialistas de instituições renomadas, como Unicamp, Virginia Tech (EUA), Academia Russa de Ciências e Universidade de Nanjing (China). Os resultados indicam que a região de Minas Gerais estava submersa há mais de 540 milhões de anos, oferecendo novas evidências sobre ambientes antigos.
Denezine enfatiza que tais descobertas reforçam a teoria da evolução de Charles Darwin, sugerindo que a vida na Terra é mais antiga do que previamente assumido pela literatura científica do século XIX. A existência de vida no período Pré-Cambriano, muito antes dos primeiros esqueletos surgirem, demonstra a complexidade e a antiguidade da vida no planeta.
Além do impacto nos estudos sobre a evolução, a descoberta sugere a possibilidade de existência de petróleo na bacia sedimentar do São Francisco. Este achado aponta para a presença inicial de matéria orgânica, essencial para a formação de petróleo, um processo que envolve acúmulo de matéria orgânica, transformação sob altas temperaturas e armazenamento em reservatórios de rochas porosas.
O projeto de pesquisa, além de receber apoio de órgãos de fomento como CNPQ, Capes, CPRM, e ANP, teve um papel fundamental na parceria com a Petrobras, visando identificar potenciais locais para a exploração de óleo e gás. A empresa tem interesse em ampliar as prospecções além das áreas marítimas, onde atualmente a maior parte da exploração acontece no Brasil.
A descoberta do fóssil inédito na Formação de Sete Lagoas, parte da bacia São Francisco, não apenas reforça teorias sobre a origem da vida, como também coloca Minas Gerais e o Brasil em posição de destaque nos estudos paleontológicos globais. Além disso, abre perspectivas para a exploração de novas fontes de energia no país, marcando um avanço tanto para a ciência quanto para a indústria petrolífera.