A importância do monitoramento do movimento das tartarugas marinhas através da telemetria vem sendo cada vez mais reconhecida na conservação desses animais. Esse método, que envolve a fixação de transmissores nos animais para acompanhamento via satélite, tem se mostrado eficaz para coletar dados precisos sobre seus padrões de movimentação. No Brasil, essa prática foi adotada a partir de 2001, conforme detalhado no artigo “Identificação de Áreas Críticas para Tartarugas Marinhas e sua Relação com Unidades de Conservação no Brasil”, de autoria do analista ambiental Erik Allan Pinheiro dos Santos, publicado na Revista BioBrasil, do ICMBio.
A pesquisa destacou o papel da telemetria em fornecer insights valiosos sobre a ecologia espacial desses animais marinhos. Com a aplicação dessa técnica, foi possível observar os padrões de movimento das tartarugas, além de suas interações com atividades humanas, sejam positivas ou negativas, e compreender melhor aspectos de seu comportamento biológico, especialmente em períodos reprodutivos.
O estudo analisou dados coletados de quatro espécies de tartarugas marinhas que habitam as águas brasileiras: Caretta caretta, Lepidochelys olivacea, Eretmochelys imbricata e Dermochelys coriacea. Os dados, coletados através de 160 transmissores instalados entre 2005 e 2018 em diferentes projetos de pesquisa e monitoramento, revelaram uma ampla gama de movimentações desses animais, desde a Bacia de Cabo Verde até a Bacia Argentina, incluindo outros pontos importantes.
Os resultados também mostraram uma sobreposição entre as áreas principais de uso dessas tartarugas e as Unidades de Conservação Marinhas no Brasil. Essa interseção reforça a necessidade de tais áreas adotarem estratégias eficazes para mitigar ameaças às tartarugas, como a captura incidental em atividades de pesca.
Além disso, a telemetria por satélite tem se consolidado como um método relevante para estudos ambientais relacionados a empreendimentos marinhos, como pesquisas sísmicas e construção de portos, fornecendo dados essenciais para avaliar o impacto dessas atividades sobre as tartarugas marinhas.
O estudo sinaliza que, embora os resultados obtidos até o momento sejam promissores, o desafio de adquirir informações detalhadas sobre a movimentação dessas espécies ainda persiste. Isso se deve, em parte, à frequente migração das tartarugas entre diferentes países, o que complica a identificação de grupos específicos. No entanto, com a continuação das análises e a colaboração entre instituições de pesquisa e organizações envolvidas, espera-se que novas descobertas possam ser feitas, contribuindo ainda mais para a conservação das tartarugas marinhas.
Com o avanço da telemetria e a implantação de mais transmissores, iniciativas já estão em andamento em locais como Espírito Santo, Sergipe e o litoral do Rio de Janeiro, visando ampliar o conhecimento sobre essas espécies e fortalecer as medidas de preservação. Esse esforço conjunto entre pesquisadores, instituições e o governo demonstra o compromisso crescente com a proteção das tartarugas marinhas e o ambiente marinho como um todo.