Enquanto a dieta mediterrânea tem sido amplamente reconhecida por seus múltiplos benefícios à saúde, incluindo redução do risco de doenças cardiovasculares e melhoria da qualidade do sono, um novo padrão alimentar começa a ganhar notoriedade: a dieta atlântica. Originária das tradições dos povos celtas do arco atlântico europeu, essa dieta é praticada principalmente na Galícia, Espanha, e no norte de Portugal, sendo agora celebrada por um estudo publicado na JAMA Network por reduzir significativamente o risco de síndrome metabólica, uma condição que afeta cerca de 25% da população adulta global.
Composição e preparo
A dieta atlântica se distingue por seu alto consumo de alimentos frescos e locais, incluindo uma abundância de frutas, verduras, legumes, batatas, cereais integrais, frutas secas, castanhas, peixes, mariscos e laticínios. A moderação no consumo de carnes e ovos, junto com o azeite de oliva como principal fonte de gordura, compõem a base desta dieta. Diferencia-se, sobretudo, pela simplicidade no preparo dos alimentos, privilegiando técnicas culinárias que preservam a aparência e o sabor natural dos alimentos, evitando frituras e molhos complexos.
Dieta atlântica versus mediterrânea
Apesar de algumas semelhanças com a dieta mediterrânea, a atlântica possui características únicas. Especialistas, como María del Mar Calvo Malvar do Hospital Universitário de Santiago de Compostela e coautora do estudo, apontam para o uso intensivo de verduras do gênero Brassica, um maior consumo de peixes, mariscos e laticínios, além da preferência pelo vinho em quantidades moderadas em comparação à cerveja. Esses elementos distinguem a dieta atlântica, conferindo-lhe propriedades nutricionais específicas benéficas à saúde.
O valor dos alimentos locais
Ambas as dietas enfatizam a importância do consumo de alimentos adquiridos localmente. Esta abordagem não apenas apoia as economias locais, mas também garante uma alimentação saudável, rica em nutrientes necessários para a manutenção da saúde. A dieta atlântica, em particular, destaca-se por sua acessibilidade na região de origem, apesar de peixes e mariscos poderem representar um custo elevado em outros locais.
Saúde e sustentabilidade
A relevância da dieta atlântica vai além dos benefícios individuais para a saúde, apresentando-se também como uma alternativa sustentável de consumo. A preferência por alimentos de quilômetro zero reflete uma preocupação com o impacto ambiental da alimentação, alinhando-se às tendências atuais de consumo consciente e sustentabilidade.