O gênero musical choro, uma das mais tradicionais expressões da cultura brasileira, acaba de ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, sob a presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Esta consagração, decidida por unanimidade, coloca o gênero ao lado de outras 52 expressões artísticas brasileiras já reconhecidas, como o frevo, a roda de capoeira e o maracatu.
Um gênero musical histórico
Com origem na cidade do Rio de Janeiro por volta de 1870, o choro ou chorinho, como também é conhecido, emergiu das rodas de música nos bairros da Cidade Nova, Catete, Rocha, Andaraí, Tijuca, Estácio e nas vilas do centro antigo. Segundo o Iphan, o termo deriva da maneira “chorosa” com que as músicas estrangeiras eram tocadas no final do século XIX, gerando uma manifestação cultural conhecida por sua capacidade de evocar emoções.
O pedido de reconhecimento do choro
O pedido para que o gênero fosse reconhecido como patrimônio imaterial partiu de instituições dedicadas à sua promoção e preservação, como o Clube do Choro de Brasília, o Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro e o Clube do Choro de Santos (SP), além de um abaixo-assinado. Esse movimento reflete o desejo da comunidade chorística de ver sua arte reconhecida como um bem cultural de valor nacional.
Artistas e composições emblemáticas
Ao longo dos anos, o choro foi popularizado e preservado por uma série de artistas renomados, incluindo Pixinguinha, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim e Altamiro Carrilho, além de nomes contemporâneos como Paulinho da Viola e os irmãos Hamilton de Holanda e Fernando César. Composições icônicas como “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro, e “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo, destacam-se no repertório do gênero.
A importância do registro
O reconhecimento do choro como Patrimônio Cultural implica sua inclusão no Livro das Formas de Expressão do Iphan, garantindo sua preservação e promoção para as gerações futuras. Henrique Lima Santos Filho, o Reco do Bandolim e presidente do Clube do Choro de Brasília, destacou a importância desse registro, salientando que o estilo é “a primeira manifestação genuinamente brasileira anterior ao samba” e que “representa a nação”.