Noah Faria, um jovem de 8 anos com dupla nacionalidade britânica e brasileira, transformou sua experiência vivendo com autismo e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) em uma fonte de inspiração para outras crianças. Ele escreveu “O cérebro efeverscente” (em inglês, “The Fizzy Brain”) um livro infantil que detalha sua experiência neurodivergente, com a intenção de normalizar e celebrar as diferenças.
A iniciativa de compartilhar
A ideia de escrever o livro surgiu após Noah receber seu diagnóstico de TDAH, aproximadamente um ano e meio após ser diagnosticado com autismo. Ele expressou sua mente “acelerada” ou “borbulhante” através do termo “fizzy brain” durante consultas médicas. O projeto ganhou vida através de uma campanha de financiamento coletivo, com ilustrações de Emi Webber, que também foi diagnosticada com TDAH e autismo na vida adulta.
Experiência neurodivergente: apoio materno e colaboração
Renata Formoso, mãe de Noah e escritora brasileira, inicialmente hesitou em expor a neurodiversidade do filho mas logo viu o valor de compartilhar essa experiência. Juntos, mãe e filho criaram um livro que não só ajuda Noah a expressar orgulho em suas habilidades, mas também oferece às outras crianças uma visão sobre a importância de abraçar as diferenças.
Noah leva sua mensagem às escolas
Além do livro, Noah tem apresentado palestras para crianças em escolas, como a Dulwich Wood Primary School em Londres, onde falou para uma plateia de 300 crianças. Ele enfatiza que ser neurodivergente é uma superforça, desmistificando conceitos sobre autismo e TDAH e promovendo uma compreensão mais profunda entre seus colegas.
A resposta da comunidade escolar
Helen Jary, vice-diretora da escola onde Noah palestrou, destaca a importância de discutir neurodiversidade, oferecendo estratégias para superar desafios e ensinando às crianças neurotípicas a valorizar as diferenças. Noah, com o apoio de sua mãe, conseguiu capturar a atenção e o respeito de seus colegas, tornando-se um exemplo de empoderamento e aceitação.
Perspectiva médica sobre neurodiversidade
O psiquiatra da infância e adolescência Guilherme Polanczyk, da Universidade de São Paulo (USP), comenta sobre o diagnóstico de autismo, mencionando que a detecção precoce de transtornos leves é uma conquista recente da medicina. Isso sublinha a evolução no entendimento e na abordagem da neurodiversidade.
Noah Faria, através de suas ações e de seu livro, está pavimentando o caminho para uma sociedade mais inclusiva, onde a experiência neurodivergente é vista não como uma limitação, mas como uma fonte de força e individualidade. Seu trabalho não apenas educa, mas também oferece conforto e representação para outras crianças neurodivergentes, reforçando a mensagem de que ser diferente é, na verdade, absolutamente normal e valioso.