A terapia musical tem se revelado uma abordagem promissora no tratamento de pacientes com demência, doença cada vez mais persistente em idosos. Esta técnica, que envolve o uso da música como ferramenta terapêutica, oferece não apenas entretenimento, mas também benefícios na melhoria da qualidade de vida desses indivíduos.
Gerry Paley, residente na Irlanda e diagnosticado com demência há aproximadamente oito anos, é um exemplo vivo do impacto positivo que a música pode ter. Antes limitado em suas atividades devido à doença, Gerry encontrou na música uma nova forma de expressão e interação social. Sua esposa, Nuala Paley, destaca a importância da música na vida de Gerry, lembrando seus dias como DJ e o quanto a música sempre fez parte de sua essência.
O envolvimento de Gerry com grupos de apoio e atividades musicais, como o canto de canções relacionadas à demência, ilustra como a terapia musical pode ser inclusiva e benéfica para pacientes de diversas idades e estágios da doença. A musicoterapia proporciona momentos de alegria e reminiscência, essenciais para o bem-estar emocional e cognitivo desses pacientes.
Além de casos individuais como o de Gerry, estudos acadêmicos reforçam a eficácia da música no tratamento da demência. Uma pesquisa conduzida por Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, mestre em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), sublinha o papel da música em evocar memórias e sensações positivas nos idosos. O estudo aponta que canções que fazem parte do repertório autobiográfico dos pacientes podem reduzir sintomas de agitação e melhorar a qualidade de vida tanto dos pacientes quanto dos cuidadores.
A demência, caracterizada por ser uma síndrome progressiva que impacta memória, pensamento e comportamento, representa um desafio para pacientes, que são principalmente idosos, e seus familiares. No entanto, a terapia musical surge como um recurso valioso, capaz de proporcionar momentos de paz e felicidade. Anastácio, combinando sua experiência em música com a pesquisa sobre envelhecimento, destaca a importância de abordagens terapêuticas que focam no indivíduo e suas experiências de vida, reforçando a música como uma poderosa ferramenta de cuidado.
Portanto, a terapia musical em demência não é apenas uma prática complementar de tratamento; é um meio de reconectar pacientes com suas histórias, oferecendo conforto e alegria em meio aos desafios impostos pela doença.